O que parecia ser fácil, acabou por se transformar num tormento. Num dia claro, quase sem nuvens estava o céu... Era o dia da última parte do teste de Assassina para Sam, e ela estava ansiosa. Finalmente poderia ela mostrar toda a sua força para os outros.
A última parte do teste, porém, de certa forma a assombrou: Enfrentar sozinha o Drall nas Ruínas de Calnat e trazer para sua mestra a prova de sua vitória, um canino do monstro. Destemida, ela aceitou o desafio sem pensar nas consequências e no trabalho que teria para realizar tal feito. Seu irmão, Kurayami, estava cumprindo os dias de banimento que lhe foram impostos pelo seu temperamento imutável e característico. Lhe foram impostos 15 dias, e destes, já havia cumprido 7; mesmo que fosse para ajudar Sam, não lhe deixariam sair do castigo. Isso de nada adiantaria, pois até que pensasse em se levantar da cama, Sam já teria retornado, e a propósito, ela já estava muito longe...

Enquanto passava próximo a Muralha da Fortaleza dos Anões, em Alquimidia, algo não saía da cabeça de Sam: a cara daquela menina estranha, de olhos dourados, uma grande cauda de dragão, um par de asas condizentes, e orelhas de lobo felpudas... Aquelas orelhas reclinadas e um olhar simpático lhe fazendo aquela pergunta chata de sempre...
- O que as pessoas veem de tão legal em mim para se acharem no direito de serem meus... meus... Ora essa, como ousam insistir tantas vezes, não têm honra, nem direito suficiente para serem... Meus amigos!... - pensava Sam,caminhando lentamente -
Aos poucos, a quase-assassina foi se distraindo até, sem querer, tropeçar num tronco retorcido e seco no chão. Aquilo fez um barulho suficientemente alto para que dois Anões rechonchudos acordassem de seu cochilo para descobrir o que diabos havia causado aquele barulho... O que ou quem...
- Droga, droga, droga, droga... - Sussurrava Sam, tentando não fazer nenhum movimento brusco -
Os Anões se aproximavam cada vez mais, tremendo de medo e dando passos falsos, como quem pensasse que lá houvesse algum fantasma. Sam dá um Shunpo para trás e consegue se esconder por um tempo em cima de um galho de árvore.
- Ali! - Apontou um dos anões, para onde Sam estava antes de saltar para a árvore -
- Ali onde, seu medroso? É só um arbusto que se mexeu por causa do vento! - Respondeu o outro anão, dando um tapa na cabeça do primeiro -
- Não! Eu vi um vulto, não foi o vento...
De repente, Sam acaba pisando falso no galho e o quebrando, perdendo o equilíbrio e caindo no chão...
- Viu? Eu disse que não era o vento! - Se gabou o anão medroso -
- É uma intrusa! Vamos pegá-la!
- Droga, droga, droga, droga!!!... - Gritou Sam, enquanto corria rapidamente com os anões em seu encalço -

Devido à pesada armadura dos dois rechonchudos, logo eles cansaram de perseguir Sam, que não foi boba e continuou correndo para um lugar seguro. Cansada, ela resolveu parar para reestabelecer as forças e fazer uma refeição, antes de entrar no território inóspito que em outrora foi uma grande civlização.

Com uma envergadura de quase 5 metros nas asas, Akira voava com o vento fluindo por entre suas grandes escamas prateadas. Mais parecia a sombra de um grande pterodáctilo vista do chão. Ela já havia feito todos os deveres e favores no Quartel General da Elite GCP, e agora o tédio já estava a aparecer novamente... Tédio, uma sensação chata e irritante que some até mesmo com a vontade de tirar um bom cochilo depois do almoço. Ninguém mostrou precisar de mais ajuda vinda da parte dela, logo, ao ver de Akira, se ninguém precisava de ajuda, então ela tem que atrapalhar alguém.
Ora voando, ora planando, Akira se dirigia até uma galeria de cavernas nas Ruínas de Calnat para perturbar Duel, que estava se abrigando lá, com preguiça de retornar a Ellyos. Apesar de ser muito cabeça quente, ele não se importava de ter Akira por perto lhe perturbando de vez enquando, até porque ele gostava dela, e isso já está mais do que na cara. O demônio estava debruçado em um monte de manuscritos antigos, enquanto dormia num sono pesado... Agitada e com tédio, Akira conseguia perturbar mais do que 5 Amy's numa loja de roupas querendo o mesmo vestido. Ela já chegou acertando uma rabada seca nas costas dele, e o estalo ressoou por toda a galeria de cavernas...
- RRRRAAAAAAAAAARRR!!!! ISSO DÓI, GAROTA!!!! - Rosnou Duel, quase que soltando fumaça pelo nariz -
- Acorda, seu preguiçoso, isso é lá hora de estar dormindo? - Responde Akira, com uma expressão de criança emburrada que quer algo -
- É sim, principalmente para mim, que fiquei a noite toda estudando esses manuscritos antigos!
- Ora, deixe de ser bobo, saia dessa toca de ratos e vamos dar uma volta!
- Seja isso um pedido ou uma ordem, eu recuso a oferta, não sou desocupado, tenho muito o que saber destes pergaminhos...
- Não há como recusar uma proposta de Akira Ran Deathly, a Necromantress Lendária, especialmente quando estou com tédio como agora...
- Seu orgulho próprio e sua beleza me ofuscam...
- Você é um grande Demônio bobão...
- Posso até ser bobo, mas garanto que se você não gostasse de mim, não viria até aqui para tirar seu tédio me importunando...
- Deixe de cantadas bregas, se levante e vamos lá fora, o dia está claro, e o ar, refrescante! Qual é o seu problema? Até mesmo o Dio toma sol, você por acaso tem medo de levar sol?
- Claro que não! Apenas me recuso a ir lá fora!
- O que você andou aprontando?
- Não aprontei nada, só não quero deixar meus estudos super importantes aqui para ir lá fora ver pardais comendo alpiste...
- Se você não quer vir comigo, eu vou te arrastar até lá, e se você resistir, nunca mais eu volto aqui nessa toca do mofo para te visitar...
- OKAY, EU VOU! Não precisa apelar assim... Eu gosto quando você vem aqui para me perturbar, eu particularmente adoro, sério...
- Você é masoquista...
- Amar alguém sem ser correspondido pode ser considerado masoquismo?
- Eu mandei parar com as cantadas bregas... Anda, levanta essa bunda mole daí e vem pra fora comigo...
- Oooookay...

Depois de horas de descanso, Sam se dirigiu ao topo das Ruínas de Calnat para terminar seu teste e seguir de volta para casa. De longe já conseguia enxergar aquele cubo mágico engraçado flutuante, cheio de rabiscos arcanos, brilhantes e inilegíveis... Muito bonito era aquele cubo, pena que ela tinha que destruí-lo para poder abrir a entrada das Ruínas, e não levá-lo para casa pra usar de lustre. Em menos de um minuto ela o destruiu. O cubo caiu no chão, cortado por sua katana em várias partes, e evaporou numa fumaça azul brilhante. Ela mal atravessou o portão de entrada das Ruínas e já conseguia ouvir o uivo dos lobisomens de dentes e garras retorcidas. Para sua sorte, ainda estava claro, apesar do lugar ser vasto e muito tempo ser necessário para atravessá-lo.

A primeira horda de lobisomens se constituía em um grupo de grandes lobisomens de pêlo preto, e outros de pêlo vermelho, e dois ou três magos lobisomens de pêlo azul. Sam se concentrou em acabar com os magos, eles pareciam ser os mais medrosos, ficavcam parados no canto, apenas curando os outros e amaldiçoando os inimigos.
Sam arrastou dois dos azuis para um lugar mais isolado e os envenenou. O último que restou (maldito seja) conseguiu atrair mais cinco Pretos...
- Intrusos! - Rosnou o último azul -
- Ali, pegou o mago! Vamos até lá! - Responderam os outros -
- Se vocês se aproximarem mais, eu acabo com o amigo de vocês! - Disse Sam, com a adaga envenenada no pescoço do azul -
- Há, vejam só, é apenas uma criança! - Caçoou o Preto mais alto -
Sam não se deu conta que estava na beira de um penhasco, mas sua raiva foi tão grande por aquele cão sarnento tê-la chamado de criança que ela atirou o azul penhasco abaixo.
- Ora sua criança insolente, vamos pegá-la! - Rosnou o outro Preto, chamando tambem os Vermelhos para ajudar -

Sam calculou a distância da ponta do penhasco onde estava até a parte segura logo atrás da horda de Lobisomens. Juntou MP e fez surgir uma réplica da Cazeaje, porém, em cores diferentes da original. A criatura socou o chão frágil que rachou e caiu em estilhaços. Sam saltou, subiu pelo torso do monstro, deu um Shunpo e caiu segura na parte rígida. A réplica da Cazeaje desapareceu em uma cortina de fumaça purpúrea e negra. Assim, ela conseguiu eliminar a primeira horda de lobisomens com um só golpe, mas, segundo seus cálculos, ainda faltariam mais outras duas; Sam bebeu uma poção de recuperação de MP grande e seguiu calmamente para enfrentar a Segunda Horda. Uma coisa ela nunca havia reparado, somente notou agora, passando pelas Ruínas: A poção de MP tinha gosto de Tutti-frutti...