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| | [Fanfic] O Triângulo de Duas Retas - C4 | |
| Autor | Mensagem |
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Paprion Equipe GCPlayers
Mensagens : 66 Data de inscrição : 29/01/2012 Idade : 29
| Assunto: [Fanfic] O Triângulo de Duas Retas - C4 Sáb Jul 07, 2012 3:23 am | |
| Clique para acessar a fanfic direto do site Grand Chase Players!Oi pessoal! Aqui é o Paprion, escritor de fanfics da equipe Grand Chase Players! Como vão vocês? =3 Eu vim aqui postar a minha fanfic, o Triângulo de Duas Retas, no fórum da fanfic porque acredito que terei um público alvo maior, pois existem membros da comunidade que andam muito pelo fórum, mas não tanto assim pelo site; ou pelo menos aqueles que preferem lê-la em silêncio no site possam comentar/conversar sobre a fanfic aqui mesmo, caso se sintam mais a vontade. Tenho vários capítulos — denominados de centelhas dentro da fanfic — prontos em meu computador, é só questão de tempo para um monte delas serem publicadas. Essa fanfic conterá finais alternativos, tudo dependendo da escolha do leitor de qual decisão o protagonista deverá fazer. Terão ao menos quatro finais, talvez tenha mais. Quando eu tiver a chance de conversar com o Roy, talvez eu consiga pedir pra ele autorização pra colocar uma centelha seguinte algum tempo antes de ser oficialmente postada no site, quem sabe? Seria legal ^^. Eu adoraria ler os comentários de vocês (Tanto no site quanto no fórum), usuários do GCPlayers, pois acredito que essa seja minha melhor fanfic até agora, tenho uma grande paixão e confiança por ela. Então, sem mais delongas! Espero que apreciem minha obra. OBS: Originalmente, os narradores da história eram determinados pela cor que o parágrafo após um separador se iniciava, e isso será mantido. O Roy encontrou um jeito melhor para diferenciar os narradores, uma tabela com o nome e a foto do personagem narrando, mas não encontro um outro jeito para diferenciar isso aqui no fórum. ~ Primeira Centelha ~- Spoiler:
– ...
Era tudo que eu podia balbuciar naquele momento, um suspiro melancólico. Enquanto as gotículas de chuva derramavam toda sua fúria e ódio em mim, enquanto eu esgotava todas as lágrimas que havia guardado por tanto tempo. Ela foi... a garota mais importante da minha vida... apesar de eu ter chegado tarde demais. Tudo começou há algumas semanas...
~~~
– Pessoal! — Berrou Elesis, chamando a atenção de toda a antiga equipe Grand Chase. Zero e Dio apenas confrontavam olhares para saber quem era o mais sério, ou apenas saber quem podia olhar na cara um do outro por mais tempo. Lass os fitava com uma expressão de "que perda de tempo."
– Sim, Elesis? — Lire estava disposta a ouvir o que Elesis tinha a dizer, assim como eu, Ryan, Amy, Jin e Arme.
– Amanhã é o último dia de aula! Finalmente as férias estão chegando! — Lembrou ela. Isso provocou que alguns outros membros da equipe urrassem palavras de felicidade. Mari soltou um curto suspiro por em breve não ter mais chance de aprender coisas novas por um bom tempo. — Vamos aproveitar e ir ao cinema!
– Opa, cinema!? — Jin festejou, dando alguns golpes de leve em Lass e em Ryan — Vamos!
– Calma! Pra que tanta animação!? — Ryan estranhou.
– Sei que você é animado assim o tempo todo mas... hoje está "demais". — Lass concordou.
– Vocês vão saber... em breve. — Esboçou um sorriso. Notei ele esboçar um sorriso para Amy, que replicou com um sorriso idêntico... isso estava me dando medo.
Faz pouco tempo que eu me apaixonei pela Amy. Nos conhecemos há pouco menos que um mês... não. Não nos demos bem... e ainda não nos damos. Talvez você esteja pensando, "e como você pode ter se apaixonado por ela?" Basta dar uma olhada em seu gracioso sorriso, e no jeito animado dela de dançar que você cairia em paixão em questão de instantes~. Eu sou do tipo que, gosta de chamar atenção. Gosto de fazer isso com ela, tendo base brincadeiras... algumas até de mau gosto. Lembro-me do dia que passei um pouquinho de corretivo no cabelo dela, e ela ficou irada comigo. Ainda devo ter a marca do Chakram dela no meu pescoço.
É um jeito estranho mas... podem acreditar. Eu a amo... muito. Por isso, me incomodava aquela troca de olhares dos dois.
– Calma Jin. O cinema é amanhã, não hoje. – Elesis desanimou-o, mas logo reanimou-se, dizendo:
– Tudo bem. Então, amanhã vai ser ótimo! Hahaha!
– ... — Fiquei em silêncio, apenas ouvindo Jin e vendo as expressões dos dois... um casal romântico. Suspirei, e abandonei meu grupo, em direção a saída do quartel general. As risadas e palavras felizes dos meus amigos me machucavam o coração. Eu estava próximo do portão, mas quando eu toquei nele, uma voz do meu lado chamou minha atenção.
– Ronan? Aonde vai sozinho? — Era Lothos. A Comandante da minha equipe. Desde que saímos de Arquimídia, senti como se ela temesse cada vez mais nosso desaparecimento, já que as coisas estavam ficando cada vez mais difíceis... independente de quantos membros novos entrassem para nos ajudar. Ela se preocupava bastante conosco.
– Ah, comandante. — Minha voz soou um pouco fria, pois ela percebeu algo de errado. E perguntou o que havia de errado. — Não, não é nada.
– Ronan, será que você poderia confiar em mim para desabar os seus segredos? Eu posso até ser Comandante... mas também sou mulher. E as mulheres são as melhores com esses tipos de coisa.
Realmente, Lothos está nos tratando como se fossemos seus filhos. Acho que eu deveria confiar nela.
– ... tudo bem. Mas será que poderíamos fazer isso lá fora? — Dei uma olhada para meus amigos sorridentes mais distantes de mim. Parece que não haviam notado minha saída. Lothos também olhou pra lá e compreendeu meu motivo. Portanto, abriu a porta do Quartel. O barulho fez o resto da minha equipe notar que estávamos saindo, mas continuaram sua conversa após perceberem.
~~~
O sol estava raiando e os pássaros cantando. Algumas poucas camadas de nuvens cobriam o céu, fazendo que periodicamente eu e Lothos fossemos cobertos por uma sombra que esfriava um pouco nossos corpos. Eu mantinha meu olhar fixo em um enorme pico do Vale do Juramento. Para você ter uma ideia de como ela é grande, nós estávamos em Serdin, e o vale ficava a mais ou menos uma centena de quilômetros daqui. Expliquei calma e lentamente para ela, para ter certeza de que ela não iria confundir nada.
– Ah, então você gosta da Amy, mas está com ciúmes por causa do Jin?
– Exatamente.
– Ah, o amor é tão belo... mas é um obstáculo tão grande...
– O que quer dizer com isso, comandante?
– Sabe, Ronan... eu vivi muitos anos no campo de batalha e, ver uma pessoa querida perdendo sua vida bem diante dos nossos olhos, é algo sem comparação. — Fiquei calado. Parece que ela já havia sofrido com algo desse tipo, então, apenas a encarei e deixei meus ouvidos bem abertos. — Há mais ou menos dez anos, eu fazia parte de uma antiga equipe de luta contra o mau... felizmente, nessa época Cazeaje ainda não tinha dado suas caras. Mas, isso não impedia monstros fortes e inteligentes de aparecerem... um deles roubou a vida da pessoa que eu amava...
~~~
Estávamos lutando contra um Gorgos Vermelho que havia invadido o Templo dos Oaks. Precisávamos detê-lo, pois seu próximo alvo poderia ser Serdin. Eu e minha equipe, Jur, o Ninja; e Nera, a Arqueira; fomos ordenados a ir até lá e derrotarmos o inimigo. Essa era nossa quarta missão como membros de uma equipe, e ainda não nos dávamos bem como amigos. Existia uma certa rivalidade... mas isso não afetava meu amor por Jur.
– Nera, poderia me dar cobertura? — Jur pediu enquanto equipava sua máscara de Ninja, sacando suas adagas.
– Claro!
– ...e acertar os monstros, e não a mim dessa vez?
– O QUE FOI QUE VOCÊ DISSE!?
– Calem a boca vocês! Não estão vendo que o Gorgos está se aproximando cada vez mais!? — Urrei em forma de protesto.
– Lothos tem razão. Isso está virando uma calamidade para os Oaks, e se não fizermos algo logo, também será para Serdin!
Mas antes que eu e Nera pudéssemos perceber, Jur já estava correndo em direção ao Gorgos, sem ao menos montarmos um plano.
– Jur!!
– Não se preocupem. Irei acabar com isso com apenas um golpe!
O gigantesco Gorgos percebeu a aproximação de um inimigo e, não demorou para ele balançar seu corpo inteiro, fazendo sua cauda acertar a cabeça do Ninja. Lothos e Nera correram até ele para tentar prestar alguma forma de socorro, mesmo sem nenhum poder curativo. O Gorgos estava se afastando da área, deixando o Ninja com um perigoso sangramento.
– Jur! Jur! — Eu estava em completo desespero no momento. Não queria que nada acontecesse. Quanto menos que ele morresse!!
– Acalme-se, Lothos! O ferimento dele é grave, mas ele vai sobreviver! — Ela o encarou com seus olhares élficos aguçados. — Mas você vai ter que ficar quietinho aí, entendido!?
Seu orgulho respondeu com um silêncio monótono. Eu, com uma profunda raiva do Gorgos, saquei minha espada e corri em direção ao inimigo.
– Agora você irá ver, lagartixa gigante! — Estava tão cega pelo ódio, que os gritos de Nera eram apenas zumbidos na minha cabeça. Eu só tinha uma coisa em mente... destruir aquela criatura!
Do mesmo modo que o Gorgos percebeu a presença de Jur, ele percebeu a minha e reagiu da mesma maneira. Dessa vez, eu lancei minha espada bem na cabeça do monstro, que começou a urrar de dor e se contorcer, acho que tinha acertado seus olhos. Meu objetivo agora era recuperar minha espada... uma tolice. Mas sem ela, eu não poderia atacar. Então... eu tentei escalar a criatura cambaleante. Nera lançava flechas a distância em desespero. Parece que ela não percebeu que isso só deixava a criatura cada vez mais louca.
Eu já havia ultrapassado a base da cauda do Gorgos, mas, agora que ficava mais difícil. Como eu iria subir ele TODO? Não importava. Tinha de continuar subindo! Eu subia... pouco a pouco... apenas sentindo seu bafo de fogo daqui. Ainda bem que era apenas o cheiro, e não chamas em si. Eu já estava perto da asa, quando de repente... ele dá um salto e começa a voar! A única coisa que eu podia fazer era segurar firme. Se eu caísse, era o fim!
– Lothos! — Eu conseguia ouvir a voz dela. — Aconteça o que acontecer, não solte!
Isso ela não precisava nem falar! Era suicídio! Mas... meus dedos estavam escorregando... pouco a pouco... quando dei por mim, eu não estava mais tocando as escamas do dragão. Eu estava em queda livre, prestes a colidir com o piso do Templo Oak. Pensei que essa seria minha morte... mas... algo aconteceu. Pouco antes de eu cair no chão, senti alguém me segurando e espatifando todo o seu corpo no chão. Havia um rastro enorme de sangue um pouco atrás da pessoa que me salvara. Será que era Nera? Não, o Gorgos era muito mais veloz que ela. Então, quem era...?
E quando percebi quem era, percebi que haviam lágrimas caindo de meus olhos. Era Jur, com todo seu corpo ensanguentado por ter me salvado da morte certa. Uma poça vermelha estava começando a ser formada ao redor do meu parceiro, manchando suas armas guardadas na cintura.
– Jur! Jur!! — Eu gritava com todas as minhas esforças. A essa altura, Nera havia chegado e se ajoelhado ao meu lado, também triste. Mas não chegou a chorar.
– Lothos. Ele está...
– NÃO! Ele não está! Você disse que ele iria ficar bem! Então ele vai ficar bem!
– Ele pulou em uma enorme velocidade pra te salvar e provavelmente deve ter quebrado a perna, a coluna e piorado o sangramento na cabeça! Não é possível que ele tenha sobrevivido!
– De certa forma... — Era Jur!! — Estou com minha perna quebrada... sem força nos braços... e não estou... conseguindo respirar... minha morte está... próxima...
– Por que você fez isso!? Jur!! — Eu precisava saber!
– Nós... somos... uma equipe. Não posso deixar que... minhas companheiras... morram no campo de batalha... enquanto eu estiver vivo...
– Seu idiota! Eu não iria morrer! Eu não iria...!
– Agora... é tarde... vocês duas, se cuidem... adeus. — E assim, ele fechou seus olhos, para nunca mais abrir.
– Não! Jur! Jur!! Não faça isso! Não nos deixe! Por favor! Jur! JUR!! — Quando senti os dedos de Nera se aproximando lentamente da minha mão e segurar com força, eu sabia que... estava acabado. Nesse momento, gritei. Gritei muito alto, enquanto minhas lágrimas eram derramadas incontrolavelmente. Ela também estava chorando agora. Os Oaks todos se afastaram, como se eles soubessem do sofrimento que estávamos passando.
~~~
– E foi assim que eu perdi meu parceiro de equipe, e a pessoa que eu amava.
– Comandante... — Senti-me culpado por ter feito ela entrar de volta no passado, trazendo de volta memórias tão tristes.
– Tudo bem. — Falou animada, o que me deixou surpreso. — São águas passadas. Mas então, Ronan. Entendeu o que eu quis dizer?
– Se apaixonar, é um erro?
Notei então ela apoiar o queixo sobre sua mão esquerda para pensar. Parecia uma decisão complicada, mas levou apenas alguns segundos.
– Não. Não exatamente. — Ela falou, olhando para as árvores que balançavam perante as fortes ondas de vento que bombardeavam Serdin. — Apenas... não deixe o amor lhe subir a cabeça. Isso irá te prejudicar muito, assim como me prejudicou.
– ...acho que entendo o que a senhora está falando.
– Bem! Agora eu preciso entrar e fazer o almoço. — Levantou-se do chão, mas manteve seus olhos em mim mesmo após estar de pé. — Lire e Ryan devem estar me esperando para ajudarem.
– Tudo bem, comandante. Obrigado pela história e pela ajuda.
– De nada. Se cuide, em?
A comandante virou-se de costas para mim e pôs-se a caminhar os poucos metros que faltavam para o portão do quartel general da equipe. Ao vê-la atravessar o que delimitava a edificação com o lado de fora, me pus a pensar, olhando para o céu azul como os pelos dos Tigres Dentes de Sabre que encontramos no Altar da Harmonia. Lindo, mas exalava o cheiro de perigo. A única coisa que eu fazia era respirar e observar as nuvens se movimentando lentamente... lentamente...
– ...o que eu deveria fazer agora?
– Hey, Ronan! — Virei minha cabeça e notei Sieghart me chamando, logo a frente do portão. Como eu não ouvi ela se abrir novamente? Será que ele saiu no mesmo instante em que a comandante Lothos entrou?
– Sieghart?
– O que está fazendo, sentado em um dia lindo como esses? Os pássaros estão implorando pra que todos se divirtam com uma selvagem caçada ou com aventuras pela cidade!
– Hn... olhando o cenário melhor agora, você tem razão.
– É claro que tenho razão. Com 600 anos de experiência com a vida, eu não iria deixar detalhes como esses passarem. — Neste momento, ele deu um grandioso salto e pousou bem ao meu lado, me olhando por cima, e eu o fitando por baixo. — O que me diz?
– Parece uma boa ideia. Eu realmente preciso me animar.
– Então você está falando com o mestre! Vamos! — E começou a correr escadaria abaixo, como se os degraus fossem mais um terreno plano.
– Ei! Espere por mim! — Me levantei e me pus a segui-lo
Sieghart é mesmo impressionante. Mesmo com mais de 600 anos de vida, ele ainda tem toda essa energia e velocidade. Eu não me surpreenderia caso ele ganhasse uma Olimpíada! Quando cheguei no final da escadaria, ele já há mais ou menos 300 metros de distância de mim. Mas o que me falta em força física, sobra em mim em magia!
– Guardião de Canaban!! — Meu supremo dragão apareceu, intimidando os moradores e quase batendo nas construções próximas. Mas ele é treinado justamente para evitar colisões e desastres! Com um pulo, montei nele e ultrapassei o Gladiador num piscar de olhos. Virei para trás e acenei para ele, com um sorriso.
– Hey! Isso não é justo! — Falou, quando eu já não podia mais enxergá-lo como homem, mas sim como um pequeno inseto de tão alto que eu estava.
~~~
Decidi mais tarde voltar a terra firme para buscar Sieghart, e então, voltamos ao azul do céu para viajarmos até o primeiro lugar que nos chamasse mais atenção. Como Dio havia dito logo depois que chegamos no Monte Mjolnir: “O local está seguro, e os anões daqui em diante irão ter certeza que os elfos negros nem as outras tribos do continente prejudiquem mais nada.” Então, pensamos em ficar uma semana de bobeira em Vermecia. Enfim, depois de alguns minutos de viagem em cima do meu dragão, Sieghart apontou para baixo, onde havia um pequeno lago e algumas lindas flores. Pousamos, e meu dragão retornou a descansar.
– Por Baldur! — Exclamei — Eu nunca vi um lugar tão belo e sereno como esse!
– Realmente. Esse lugar, eu descobri há mais ou menos 50 anos atrás. Eu vinha aqui para descansar em tempos de guerra. Não que eu estivesse sendo irresponsável. Eu só queria descansar um pouco.
– Entendo...
O dia na verdade passou rápido. Eu e Sieghart aproveitamos para mergulhar no lago, assim, nos divertimos bastante. Também caçamos alguns oaks e drillmons, foi relaxante. No final da tarde, voltamos a Serdin. O resto do dia... foi o de costume. Jantar, treinamento, e conversa com os amigos. Mas, logo no final da noite...
~~~
Eu estava apagando todas as luzes do quartel general que ainda estavam acesas. Ao desligar a luz da sala, notei que havia uma presença sonolenta, mas de olhos abertos no sofá com um tecido marrom de veludo. Quando notou a escuridão que tomou o local, a pessoa murmurou numa voz fina:
– Ronan, por favor, deixe a luz acesa.
Era Amy. Estava com seu pijama rosa, com um design de patinhas de gato por toda a roupa. Em comparação com meus equipamentos do peregrino...
– Algum problema, Amy? —Aproximei-me e me sentei ao lado dela.
– N-Não é nada! — Ela tentou forçar a voz, mas logo voltou à finura nela. — Eu apenas estou sem sono...
– Sério mesmo? Não é o que seus olhos, nem o que sua voz diz. — Ela pareceu surpresa, e depois, me olhou no canto dos olhos.
– É que... estou um pouco nervosa por causa de amanhã.
– Vai ter algo de especial amanhã?
– Não seja bobo, Ronan... temos o cinema amanhã.
Eu sabia que não era só por causa disso. O nervosismo dela deve envolver o Jin. Então, decidi pressionar ela um pouco.
– Tem certeza que é isso? Eu não conheço nenhuma pessoa em Vermecia inteira nervosa para ver um filme.
Sua face pareceu ficar pálida. Parece que descobriu que não adiantava mentir para mim.
– ... tudo bem, Ronan. Eu não estava falando a verdade.
– Hn... poderia falar a verdade para esse mísero Arcano?
– Estou nervosa... por causa do Jin...
Eu sabia! Meu coração começou a acelerar de repente, e senti um incômodo na minha alma. Eu já sabia a resposta, mas eu não queria ouvir! Mas agora... era tarde...
– ... é que... ele é meu namorado...
Crash! Meu coração acabou de quebrar, senti uma amargura enorme, dava vontade de correr para o meu quarto, e me sufocar com o meu travesseiro, pensando no que eu acabara de perder... Mesmo assim, eu não podia demonstrar isso a ela. Tentei esboçar um sorriso, e murmurei baixinho:
– Ah, sério? Bom para você, não é, Amy?
– Unhum. Eu amo o Jin... mas, eu tenho medo do que possa acontecer amanhã no cinema.
– Não se preocupe. Só irão acontecer coisas boas. Se alguém, quem quer que seja, tentar fazer algo ruim a você, eu irei intervir com minha poderosa Tirfing.
Vi que ela esboçou um sorriso. Então, ela deitou-se no meu ombro e me abraçou.
– Obrigada, Ronan. Você é um amigo e tanto. — O jeito que ela me apertava... tão delicado, além de sua doce presença ao meu lado... isso tudo encorajou meu rosto a se avermelhar. Espero que ela não veja! — Ah , sim! Me desculpe pela marca do meu chakram no seu pescoço.
– Não se preocupe, não dói mais. Agora é só uma cicatriz de lembrança dos momentos que passo com você.
– Hehe~. Então... – Ela então fez um pouco de esforço para se erguer. Olhei para a face dela, e ela olhou para a minha. Por um momento, pensei que ela fosse me beijar, mas, ela virou minha cabeça para o lado, removeu minha capa e senti seus lábios tocarem meu pescoço. Mas... não só os lábios, mas como os dentes também! Amy estava me mordendo, e com força! Gemi baixo de dor, enquanto ela afundava seus caninos, incesivos, e tantos outros dentes na minha pele.
Mesmo sob tanta dor, eu pensei... era ela. Amy estava me mordendo... Amy... então, virei meu pescoço levemente e abracei-a, sem sair mais nenhum som da minha boca. Foi aí que percebi outra coisa, além da mordida dela. Alguma coisa áspera e úmida, no meu pescoço... ela na verdade, estava o lambendo enquanto mordia. Toda a sensação de dor desapareceu. Eu apenas sentia prazer... prazer de estar tendo esse tipo de momento com a pessoa que eu amava. Pena que, não durou muito tempo. Aproximadamente dez segundos depois, ela se afastou de mim, e disse:
– Bem, se o golpe do chakram não dói mais, agora essa mordida irá substituí-lo.
– Sinto lhe informar que... eu não senti dor. Na verdade, um pouco, mas não foi nada.
– Ah, então você quer que eu morda de novo? É isso?
– Si--quer dizer, se a senhorita preferir...
Ela então abriu seus olhos um pouco, como se eu tivesse deixado escapar alguma coisa. Droga! Eu não posso deixar que ela saiba!
– Senhorita?
– Ah. Bem, uma dama merece o tratamento adequado, não acha?
Seus olhos pareciam me penetrar, como se estivesse perguntando ao meu corpo, não a mim, essas palavras que acabei de proferir.
– Mas... essa é a primeira vez que você me chama de senhorita...
– B-Bem, tem uma primeira vez para tudo! — Já estava começando a ficar nervoso, isso não é bom. — Enfim, está tarde, não é mesmo? Você deveria dormir para amanhã.
– É. — Parece que desviei a cabeça dela desse assunto constrangedor. — Tem razão.
– Venha, eu te levo para seu quarto. — Me levantei do sofá e lhe estendi minha mão.
– Mas eu sei onde fica.
– Eu poderia ter a honra~?
Acho que passei dos limites nessa última frase. Amy poderia muito bem pensar que essa era uma cantada, e que era para ser levada a sério! Ela ergueu sua mão e tocou delicadamente a minha.
– Com prazer, cavalheiro~ —Olhei para ela um tanto surpreso, e ela apenas sorriu como resposta. Então, eu instintivamente abri um sorriso.
Levei a jovem moça de cabelos rosa para seu quarto, que ficava a aproximadamente dois minutos a pé. Escadas, escadas, corredores, corredores. Durante todo esse tempo, nossas mãos seguravam uma a outra, o que era uma maravilha para mim. O que será que a Amy está pensando de tudo isso? Ao chegarmos ao nosso objetivo, paramos na porta.
– Bem. — Ela soltou minha mão. Suspirei baixinho. — Obrigada por me trazer até meu quarto.
– Mas meu trabalho ainda não acabou.
— Huh?
Então, com um passo rápido, segurei suas pernas e o topo das costas, conseguindo erguê-la do chão. Ela deixou escapar um leve gemido de surpresa, e eu a carreguei para dentro de seu quarto, e a soltei com cuidado em sua cama.
– Agora, meu trabalho acabou.
– Haha. Obrigada, Ronan. — Tive a chance de ver seu sorriso angelical mais uma vez nessa noite. Que ótimo!
– Agora, eu preciso ir. — Dei meia-volta, já me preparando para deixar o quarto.
– Vai dormir?
– Na verdade, eu estou indo para Canaban agora. Tenho coisas para resolver com o rei.
– Certo. Mas, volte amanhã! Você TEM que estar no cinema, ok?
– Ok, princesa. — Isso era o que eu teria dito, se eu tivesse coragem. Mas, tudo que eu disse, foi um mísero ok. — Boa noite.
~ Segunda Centelha ~- Spoiler:
– Senhor! — Me ajoelhei diante da ilustre presença do rei, que estava logo a minha frente. — Ronan do esquadrão Arcano Primário a seu dispor, senhor! – Muito bem. Meia noite. Chegou bem na hora. — Eu sentia o rei encarando o topo da minha cabeça, pois sua voz penetrava minha alma com sua grandiosidade. — Diga-me, Ronan, sabe porque te chamei aqui a essa hora da noite? – Isso não importa, senhor. Qualquer ordem de vossa senhoria é absoluta aos soldados de sua armada! – Tudo bem, filho. — Sua voz suavizou. — Pode reduzir a formalidade. Sim, isso mesmo. O rei de Canaban era meu pai. Mas isso não importava, sua posição era de respeito. Os guardas armados com lanças me encaravam como um assassino de terceira categoria. Logo, percebi que eles não deveriam ter muitos amigos pela frieza. – Sim, pai. — Levantei minha face, tentando me acostumar com a iluminação exagerada provocada pelos candelabros e pela reflexão em superfícies de vidro que vinham de retratos na parede. O castelo era um lugar muito luxuoso. Parte das paredes eram revestidas de ouro, enquanto outras partes, era de um branco que brilhava de forma bela. Se a luz do sol conseguisse chegar aqui — Não conseguia com as cortinas fechadas, mas de qualquer maneira, essa parede é posicionada contra a direção do sol —, com certeza iria cegar alguém com tanto brilho. Além dos candelabros de material dourado que se erguiam no teto, o caminho até o rei era destacado por um longo tapete vermelho. Ideal para a nobreza, não acham? – Há algumas horas atrás, recebi uma carta de um pombo-correio de Serdin... ele é da responsável da sua equipe. – Comandante Lothos? – Sim, esse é o nome dela. — Ele então ergueu uma carta branca em perfeitas condições, exceto pelo selo, que havia sinais de ter sido rompido. — É, está aqui. Imaginei que ele iria me entregar a carta para ler, mas não foi o que ele fez. Seus olhos... eram de desapontamento. Eu havia feito algo de errado...?
...! Ou será que...! – Ronan... como pôde se apaixonar...? – !? — Entrei em pânico. Como a comandante pôde contar para meu pai sobre minha paixão pela Amy? Isso era um segredo! — Por que ela te contou isso!? – Temos regras muito árduas aqui em Canaban, para garantir o perfeito desenvolvimento de nossos soldados. — Droga, ele não precisava me lembrar disso! E uma dessas regras, eu estou violando! Que é... — E uma delas diz que, nossos soldados não devem se apaixonar. Jamais. – P-Pai!? — Comecei a suar frio enquanto percebia os olhos maculados por malícia, claramente interessados em observar a tristeza de outras pessoas. Ser o filho do rei nessa ocasião era algo que eu deveria me amaldiçoar de ser. Vocês podem até pensar que ele daria uma pena mais leve para mim, mas não! Ele me trata com mais rigorosidade que qualquer outro soldado! – Me desculpe filho, mas regras são regras. — Neste momento, o rei deu um golpe no braço da cadeira que ecoou por todo o aposento. Esse era o sinal que os guardas esperavam, e então, eles vieram até mim, em posição de combate. — Prendam-no na masmorra! – Droga! — E destaque no droga! Minhas armas haviam sido confiscadas pelos guardas dos portões, para zelar pela segurança do rei. Isso vale para qualquer pessoa, com excessão do próprio rei e seus soldados particulares. Não pude me debater. Fui isolado de todos, na masmorra de Canaban. ~~~ – Me deixem sair! — Eu urrava pela minha liberdade, enquanto estava agarrado às barras de metal que me trancavam. Que local horrível era esse... toda luz que havia por aqui era uma vela prestes a perder sua potência e apagar-se. Não tinha ideia de quanto tempo estava ali, pois caí no sono antes de começar esse estardalhaço. – Quieto, Ronan. — Meu pai apareceu, sua figura, agora ofuscada pelo que houvera feito contra mim, não parecia mais tão grandiosa. Eu havia perdido praticamente todo respeito que havia para com ele. — Esse é o seu castigo. Irá ficar preso aqui por algumas semanas. Todo esse tempo!? Mas... o encontro com meus amigos no cinema era hoje! E então, as doces palavras de Amy susurraram no meu subconsciente, me fazendo quase desabar em raiva por ter de ser obrigado a quebrar essa promessa: "Você TEM que estar no cinema, ok?" Eu prometi a ela. Eu não posso faltar! Enquanto eu pensava, apenas permaneci em silêncio, mas com a testa franzida e pressionando com força as barras. – Você não pode me deixar aqui! Eu tenho que ir a um lugar hoje com meus amigos! – Lamento informar que você não terá a oportunidade de vê-los... por um bom tempo. – Não fale deles como se não fossem nada!! – Um mês deve ser tempo o suficiente para fazer você esquecer essa história de amor... mas caso durante esse tempo você continue com essas asneiras, não irei hesitar em adiar sua condição por mais dois meses! Você não precisa disso! – ...! — Como ele pode tratar seu próprio filho assim!? Inacreditável! – Agora se me dá licença... tenho muitos documentos para analisar. – Seu...! Seu...! — Não havia nada que eu podia fazer, ou falar. Um guarda se aproximou, para me manter em constante vigília. Algum ataque físico ou verbal contra o rei resultaria em sérios danos físicos ao agressor. A umidade no ar era reconfortante, mas nesse caso, me fazia ficar cada vez com mais raiva!! ... acalme-se Ronan. Ainda estava de dia. O cinema era de noite. Eu precisava pensar em alguma forma de escapar. As paredes possuem escudo mágico, e são bem resistentes para serem quebradas só com o uso dos punhos — Lembrando que minhas armas haviam sido confiscadas — Eu precisava pensar em algo... custe o que custasse... ~~~ Ai ai... que dor de cabeça. E a noite será pior ainda... que ideia foi essa da Elesis...? Cinema...? Ugh, parece uma perda de tempo. – Lass! — Alguém bateu na minha porta duas vezes. Por causa dessa quantidade, eu sabia que era Lothos. Mesmo caso eu não tivesse ouvido a voz, só ela bate duas vezes. A maioria prefere ou bater três vezes, ou entrar de uma só vez. — O café da manhã está pronto! – Estarei lá em poucos minutos, Lothos. — Respondi com certeza frieza.
... Essa atitude, me lembrou de uma recente conversa que tive ontem a tarde com Arme. ~~~ – Hey, Lass! — Arme me surpreendeu quando eu toquei a maçaneta do meu quarto. — Posso te perguntar uma coisa? – Ah... pois não, pode perguntar. – Você não acha que já temos pessoas frias demais nessa equipe? Quando você era o único frio nessa equipe, até era fofinho. Mas agora temos a Mari, o Zero... – O q-- COMO OUSA ME PERTURBAR COM UMA PERGUNTA DESSAS!? EU SOU EU, E NÃO LIGO PARA A ATITUDE DOS OUTROS! — Abri minha porta com rapidez e bati a porta na cara dela, sem dó nem piedade. Ela achava que eu estava tentando bancar uma de badboy esse tempo todo...? – Não precisava ser tão grosso! — Ouvi ela do outro lado da porta, que seguiu-se pelo som de passos de chinelos. ~~~ Ah... não quero me lembrar disso.
...
Apesar de que, ninguém ganha da Mari no assunto frieza. De qualquer forma, Arme me incomodar não é nada comparado ao Ronan incomodando a Amy... bem! Não que eu ligue para esses dois, mas, ele deve ter uma queda por ela. Será que ele sabe que Amy e Jin estão namorando? Ah, tanto faz. Isso não é da minha conta. Me levantei da cama ainda um pouco sonolento, mas com enorme agilidade. Escovei meus dentes e vesti meus equipamentos casuais adequados, ou seja, do deserto. Era o que eu mais estava acostumado a vestir. Ao abrir a porta, fui surpreendido pela presença cor-de-rosa, ou melhor dizendo, Pink Park de Amy. – Bom dia Lass! Por acaso você viu o Jin? – Bem, é hora do café da manhã. Não é para ele estar na sala de jantar...? – Ah, é mesmo! Obrigada! Isso foi... uma demonstração para ela me mostrar o quão era tonta ou o quê? Espero que isso tenha sido só por ter acordado recentemente. Ela continuou adiante, enquanto eu fechei a porta do meu quarto a chave, e o guardei no meu bolso. Quando virei minha cara, tcharam! Pink Park! – O que foi de novo, Amy... – E o Ronan, você o viu? – ... — Talvez não. Posso dar um cascudo nessa garota? De qualquer forma, continuei em linha reta, ignorando a pergunta que ela fez. Ela me seguiu, e por intuição, acredito que ela NÃO ENTENDEU NADA. Descemos a escadaria principal. A sala de jantar ficava logo a alguns metros a esquerda, dando destaque a enorme mesa de vidro com mais ou menos sete cadeiras de um lado, sete de outro, e uma em cada parte vertical. Lá, já estavam Lire, Arme, Ryan, Mari, Dio e Zero. Ou seja, Elesis, Jin, Sieghart e Ronan não estavam. – Não. Nem o Jin nem o Ronan estão na mesa. — Ouvi ela susurrar pra mim. Tenho cara de quem sabe o paradeiro de todos do mundo? De qualquer forma, ignorei ela e fui em diante, me servir. Provavelmente devem estar em seus quartos. O café da manhã foi como todas as refeições que tivemos. Muita conversa e escândalo, com migalhas de pão sendo derramadas na mesa. A cada migalha, a comandante soltava um suspiro, acompanhado de um sermão por quem quer que tenha feito a “bagunça”. O bom era que ela sempre contava com a ajuda de Lire e Ryan na cozinha. Então o tempo se passou, quando a maioria já tinha acabado — exceto eu, Amy, Lire, Ryan e Lothos —, os que sobraram finalmente apareceram, exceto por um. – Ah, criança, você tem muito o que aprender~ — Sieghart já adentrou se gabando. – Pelo menos eu não fico correndo que nem uma gazela! — Elesis tentou revidar, mas isso não afetou o herói. – Jin, até que você tem algum poder por trás desse Bastão, pode até ensinar algumas coisas pra essa minha descendente, antes que estrague ela estrague a minha linhagem~ — Elesis explodiu de raiva e Jin ficou meio envergonhado com o elogio, mas aceitou em pouco tempo. – Elesis, sem discussão na hora das refeições, ok!? — Nossa comandante falou em um tom alto, mas não o suficiente para ser considerado um grito de raiva, apenas para chamar a atenção. Notei que Amy estava olhando para Jin com um daqueles olhares "Oh, estou apaixonada", e Jin, ao notar isso, sorriu de volta. ... será que eu deveria sair daqui de uma vez? Claro. Terminei rapidamente o café da manhã, e me pus a subir de volta para meu quarto, enquanto eu ouvia apenas as vozes de Amy e Jin destacando-se naquele lugar. Mas... há um porém. E então parei de subir os degraus da escadaria principal enquanto raciocinava, e então conclui: – Onde está Ronan? Ronan... ele pode não ser um dos melhores guerreiros, mas é o mais corajoso e persistente daqui, com toda a certeza. Se não fosse ele, Cazeaje ainda poderia estar me manipulando. Foi ele quem mais se destacou para me salvar, quando a Grand Chase eram apenas quatro... ~~~ Meses atrás ~~~ – Droga, não dá! Cazeaje é forte demais!! — Falou Elesis, deitada no chão com sua espada jogada a vários metros de distância dela. – Garota tola! — Eu, em forma de Jun Cazeaje, disse. Sentia uma enorme dor de cabeça nessa fase, mas continuava consciente, apesar do espírito da maligna vilã me dominar, inclusive tudo o que falo. — Acha que pode me vencer, atacando às pressas? – Cazeaje tem razão, Elesis! Temos que nos unir para detê-la! — Arme pôs-se em frente dela com o centro apontado para mim. Apesar da valentia dela de ter erguido sua arma contra mim, eu conseguia sentir o medo nela. – Sim! Estamos juntos nessa! — Lire também se pôs a frente dela com o arco igualmente apontado. – Como estão seus ferimentos? Está doendo? — Ryan estava ao lado da ruiva segurando sua mão, enquanto seus olhos analisavam o corpo da combatente em busca de feridas.
– Levante-se, Elesis. — Ronan ergueu sua mão para ela, e ela aceitou com um sorriso. — Eu irei pegar sua espada, espere aqui. – Tolo! Acha que pode tentar pegar essa espada e sair ileso? – Vamos ver, não é? E então ele foi correndo em direção a espada, que estava bastante próxima de mim. Estava ao nosso alcance pegá-la e destruí-la ali mesmo. Mas por algum motivo, Cazeaje não a fez. Estaria ela testando-os? De qualquer forma, enquanto ele se aproximava, Cazeaje lançava alguns dos seus enormes círculos de magia negra no Arcano, mas ele esquivava com passos rápidos, pulos quando eram jogadas muito baixas e rasteiras quando eram muito altas. Era praticamente impossível acertá-lo. O golpe que havia feito a Espadachim ficar deitada no chão urrando em dor, ele conseguia escapar com facilidade. E enquanto todas essas acrobracias eram efetuadas, a Arqueira atirava várias flechas por segundo, numa tentativa de ser de alguma ajuda para o companheiro, com sucesso. Eu percebia a aura de ira de Cazeaje aumentando. Ela decidiu mudar sua tática e usar as "antenas" de suas costas para atacar, o que pegou Ronan de surpresa. Ele escapou dos dois primeiros golpes, mas o terceiro acertou sua perna, o que o imobilizou. – Ha, te peguei! — Cazeaje urrou, em forma de vitória, e depois deu uma de suas gargalhadas maléficas. — Você não conseguiu pegar a preciosa espada de sua amiga! Agora, morra! Ela usou mais uma vez o mesmo golpe, que ia em direção ao seu coração. Mas, algo interviu e o salvou. – Ronan! — Sem que eu e Cazeaje notássemos, Arme se aproximou com um pote que aparentava ser pesado e gritou: — Escudo mágico!! O escudo o protegeu do golpe fatal, mas depois deste, desapareceu. Cazeaje tentou atacar novamente, mas dessa vez o Arcano estava pronto. Com um rápido movimento da seu gládio, ele cortou a antena que prendia sua perna e se jogou em direção a espada de Elesis, segurando-a com a mão livre. Cazeaje ao notar sua derrota nesse "jogo", tentou acertar Ronan de todas as formas possíveis. Jogou círculos de magia negras, e todas acertavam pois ele não conseguia desviar com uma perna inutilizada. Mas ele não parava de andar, mesmo em ritmo lento. Foi então que ela tentou socar no chão com sua imensa força, para fazer todos serem jogados para o alto com o auxílio de uma de seus feitiços de gravidade. Ryan segurou Elesis e pulou junto com ela para não ferí-la, Lire saltou normalmente sem preocupações e Arme tentou salvar Ronan no último segundo com um escudo mágico, mas não foi possível e pulou por sí mesma. Ronan foi atingido por mais esse golpe. Percebi que Cazeaje havia aberto um sorriso de vitória. Mesmo devido a tanta pressão física, o garoto se virou para Cazeaje, abriu sua mão esquerda e gritou: – Força Glacial!! — Uma esfera de gelo que brilhava com a cor azul vinha lentamente em nossa direção. Apesar da velocidade, Cazeaje também era lenta, e foi acertada em suas patas, congelando-as. – Você... você...! — Cazeaje proferia com raiva da ousadia do Arcano. — Pelo menos, você está fora do jogo! Hahaha! – Elesis, pegue. — Jogou a espada dela para a garota, que segurou com firmeza. – Obrigada, Ronan. Você realmente passou por maus bocados! – Tudo bem. — Foi então que me surpreendi com o que vi: ele estava se levantando, mesmo com uma perna perfurada e amaldiçoado várias vezes pelos círculos de magia negra de Cazeaje! — Eu ainda posso lutar. – Não, Ronan! Espere minha energia mágica retornar, e eu irei lhe curar! — Arme tentou intervir assim como Ryan, mas Ronan contestou. – Arme, Ryan. Precisamos lutar juntos. Caso dois de nós fiquemos no intervalo, essas o restante passará por dificuldades. Vocês podem me curar enquanto eu luto, agora, vamos!! E ele foi o primeiro a se aproximar, correndo, de mim. Nesse instante, eu não senti um pingo de medo contido na alma dele, provocado pela confiança que seus amigos depositaram nele. ~~~ Desde então, tenho enorme respeito por esse Arcano... ele pode até ter medo em vários dos nossos combates, mas sempre mantém sua coragem para atacar os monstros. Não importa quão graves sejam suas feridas. – É melhor eu voltar. — Falei novamente para mim mesmo. — Fiquei acordado por muito tempo ontem. Me recolhi para meu quarto, para uma soneca que durou até a hora do almoço, e, novamente, Ronan não esteve lá. ... será que aconteceu algo? ~~~ – Acorde, molenga! — Um barulho vinha de fora da cela, eu estava deitado, totalmente imóvel no chão. Estava na hora do jantar e estava quase escurecendo. Eu tinha que sair dali. — Jantar! Agora que paro para pensar, é verdade, não tomei café da manhã e nem almocei hoje. E o guarda que apareceu não sabia se eu tinha jantado ontem, o que o fez se preocupar, pois pensou que eu desmaiei de fome. Podia ouvir na mente dele “será que matei o filho do rei de fome, por ter esquecido de lhe dar comida?” E agora, a grande chance apareceu! O homem abriu a porta da prisão com a chave mestre e foi até mim, para checar meu pulso. Dei o sinal balançando de leve meu pé, e então uma flecha celestial apareceu da região escura da cela e perfurando meu carcereiro no peito. Caiu inconsciente no chão, e então a flecha começou a se deformar, com várias centelhas de luz desaparecendo aos poucos, como se estivesse se desmaterializando. – Obrigado, Guardiana! — Me levantei do chão e cumprimentei minha invocação de Inquisidor com um sorriso. Ela retribuiu com um aceno de cabeça, e desapareceu. Uma pena que sua máscara não me deixa ver seu rosto para saber se ela estava sorrindo ou não, de qualquer forma, aproveitei a deixa, e fugi da minha prisão. Quanto ao guarda, ele não morreu. Só uma flecha da Guardiana não teria como matá-lo. Agora minha missão era reaver minhas armas. Nesta viagem para Canaban, eu levei meu Gládio e minha Égide. Deixei a Tirfing e a Glaive no meu quarto, no quartel general. Vejamos, meu pai deve ter as pego com os guardas do portão, então ele deve ter deixado ou no meu quarto ou no dele. Em primeiro lugar fui ao meu aposento, só dei uma vasculhada rápida com o olhar, mas foi o suficiente. Vi ao longe minhas duas armas em cima de minha cama, que sorte! Fui até elas e as guardei em um desconjuramento — o contrário de um conjuramento — mágico. – Ronan... Engasguei. Alguém tinha percebido que eu havia fugido... isso era um problema, mesmo com minhas armas ao meu alcance. Mas essa voz... eu reconhecia essa voz! Virei minha cabeça, e observei meu pai, o rei de Canaban, em frente a porta. – Alfred Erudon... — Essa foi uma das raras vezes que chamei meu pai pelo nome completo, e isso era uma falta de respeito para com seu título, mas ideal para sua pessoa. Ele sabia que seu título não me fazia mais a menor importância. – Você vai mesmo abandonar tudo, por causa de uma garota? Depois de pensar por alguns segundos, disse a resposta, que na verdade, não era nem um pouco difícil. – Eu a amo. Eu faria de TUDO para tê-la ao meu lado, qualquer coisa... — Dei uma pausa para proferir o restante daquelas palavras que estavam guardadas no fundo do meu coração para serem jogadas para fora por tanto tempo. — inclusive superar qualquer obstáculo que me impeça, como o senhor. Isso o fez ficar em silêncio. Será que eu tinha ganhado essa discussão, sem mesmo ele poder replicar? Bem, estava escurecendo. Eu não tinha tempo para ficar discutindo com ele. – Preciso ir. Você não vai me impedir. Caminhei até o seu lado, quando percebi um leve suspiro gélido na voz de meu pai. Imaginei o que ele estava pensando, mas isso não era relevante agora. Apressei-me em sair do castelo e invocar meu enorme dragão para me dar uma carona até Serdin. Amy, me aguarde! ~~~ Onde ele está...? Ahhh! Já está quase na hora, eu não vou conseguir aguentar esse nervosismo... – Amy, tudo bem, com você? — Jin me perguntou, muito próximo da minha face. Ah, isso ajuda muito... não. – Estou bem sim, só estou pensando onde o Ronan pode estar. – O Ronan? Ah, ele sumiu desde ontem, não é? — Ele não se afastou nem um centímetro. Será que ele não percebeu que isso tava me incomodando? Bem, eu mesma me afastei um pouco e continuei. – Sim, estou preocupada. — Além do mais, ele me prometeu que apareceria hoje... sem você pra me apoiar, vai ficar tudo mais difícil. É legal ter você por perto, Ronan. – Pessoal, o filme logo irá começar. — Dio veio nos avisar. Quando virei minha cabeça para o outro lado, vi o resto da equipe entrando na sala. — Me pediram para vir aqui e dizer isso. E disseram também, “quando vocês estiverem prontos, venham.” – C-COMO ASSIM QUANDO VOCÊS ESTIVEREM PRONTOS!? EU ESTOU PRONTÍSSIMA! HAHAHAHA — ... acho que exagerei. Todos ao redor me olharam como se eu fosse a próxima maluca do shopping, ou então aquela que iria ficar gritando na sessão inteira. – Algum problema, mortal? — Provavelmente Dio se sentiu ofendido com o que eu disse. Não sei por quê. Mas seu olho brilhar com a testa franzida não deve ser um bom sinal. – M-Me desculpe, eu me empolguei! — E assim, posso garantir a segurança da minha vida, e evitar os olhares alheios me fitarem por todos os arredores... Ai, que vergonha. Não tinha percebido, mas Jin havia saido da minha frente para ficar do meu lado, e eu senti sua mão firme pousar no meu ombro.
– Você está estranha hoje, Amy. — Jin sussurrou no meu ouvido, me fazendo ter um calafrio de leve pelo corpo inteiro. — Gostaria que eu te levasse de volta ao quartel general? – N-Não! T-Tudo bem Dio, já já entramos... – Hunf, que seja. — Dio resmungou e deu de ombros. — Eu e Zero iremos estar na laje. Mari está na outra sala de cinema, assistindo outro filme. As duas sessões vão acabar próximas uma da outra. Por um momento, esperei que ele tivesse alguma informação do Ronan, mas então ele começou a andar e o diminuir de sua presença aos meus olhos diminuia minha confiança de alguma informação nova sobre ele. – Amy? — Jin falou assim que Dio sumiu de vista. — Tem certeza que está tudo bem com você? Não sei mais o que pensar... mas, e aquela noite? O Ronan me prometeu que viria hoje... AH! As imagens da noite passada... passando em pela minha cabeça... a mordida, nossas mãos, nosso diálogo, como pude fazer tudo isso? Eu, já em compromisso com o Jin, fazendo tudo isso com ele? – Amy...? O que será que estou fazendo? O que farei se Jin descobrir? AHHH! Coloquei minhas mãos na cabeça e me ajoelhei... era como se tudo estivesse girando, doía demais! Jin, me ajude! Ronan! Ronan! – Amy!! Ronan, Jin... Ronan, Jin...
... sussurros. Eu conseguia escutar sussurros muito baixos ao longe, era porque eu estava muito longe do mundo real, estava na minha própria mente. Decidi me acalmar e prestar mais atenção ao mundo a minha volta.
O que eram sussurros eram na verdade gritos de perplexidade e talvez de pânico. O motivo logo ficou claro quando a próxima voz ecoou por todo o lugar.
– AH! Tem um dragão do lado de fora! – Tem alguém montado! Deve ser um dos Draconianos de Canaban! – Não é só um Draconiano! É Ronan Erudon! – Ronan!? — Gritei, e fui em direção a janela mais próxima para checar se era os gritos aleatórios da multidão estavam sendo verdadeiros! E lá estava ele, cercado por várias pessoas. Fez seu dragão desaparecer com alguma mágica estranha e correu em direção a entrada, com dificuldades por causa da multidão. Já não era sem tempo, Ronan... – Você quase me fez chorar, idiota... — Murmurei para mim mesma, limpando uma lágrima que eu não tinha certeza se havia sido derramada por meus olhos.
E por que eu choraria por isso?
...
Quantas dúvidas... ~~~ Cheguei a tempo? Cheguei a tempo!? Espero que sim! Apesar de um enorme amontado de pessoas estarem atrapalhando minha passagem para a única harmonia de minha vida, aquela que fazia meu coração acelerar... – Poderiam me dar licença, por favor? Sem resultado. Pelo visto, não me restava escolha a não ser usar aquilo... – Escudo do Vento!! — Imediatamente, uma esfera composta de vento se ergueu começando do chão até dois metros e meio de altura. Ao invés de ter o efeito de mandar tudo que tocasse voando, o escudo apenas os fazia levitar, impedindo todos de se aproximarem. Em compensação, o escudo me seguia enquanto eu andava. – Desculpem pessoal. Mas estou com pressa. Ao chegar à bilheteria do cinema, pelo enorme relógio notei que estava quase dez minutos atrasado, mas... Um motivo rosa me fez pensar que eu não estava atrasado, na verdade. – Ronan! Você voltou! Ah! Não temos tempo para conversar! A sessão já começou faz algum tempo, vamos!! — E então ela me puxou para seu lado, o caminho todo até a sala de cinema. Não sei se ela se tocou que eu ainda preciso comprar meu ingresso, mas, tudo bem. Avisei a ela e fui até a cabine, já com o dinheiro em mãos. – Um ingresso inteiro para O Enigma Secreto, por favor. – São 2.000 GPs. — Entreguei a ela um saquinho contendo 5.000 GPs, peguei o ingresso e corri em disparada até a sala onde Amy entrou. — Senhor! Esqueceu seu troco! – Não precisa, pode ficar para você! — Não podia perder nenhum segundo sequer! Ao entrar na sala, me lidei com o obstáculo primário: a escuridão. Onde estariam os outros? Eu procurava enquanto subia os degraus para as poltronas superiores, quando vi uma mão delicada me chamando para onde ela estava, era Amy. Então, fui até lá e sentei ao lado dela. Estávamos próximos dos outros, lado-a-lado. – Perdi muita coisa? — Murmurei para Lass ao meu lado, para não incomodar os outros espectadores. – Não, não... o filme começou há pouco tempo. Pode sossegar agora, mas depois, todos vão querer uma longa explicação. – É, eu preciso dar uma, não é? — Ri baixinho em seguida, mas logo depois, me concentrei no filme. Falava sobre um homem que tinha um diamante que seria dado para sua esposa, porém foi roubado em uma noite em que estava sacando dinheiro no banco. Então, do começo ao fim do filme, ele se torna um detetive para encontrar e prender o culpado. Porém, no caminho, sua esposa é sequestrada e ele tem que usar todas as suas habilidades para salvá-la. Mas, como pude... como pude desviar minha atenção tantas vezes para Amy, ainda mais com seu par ao meu lado? Em uma dessas vezes... eu me arrependi amargamente. Ao olhar, vi que o braço da cadeira que os separava havia sido removido, e os dois estavam se abraçando... enquanto seus lábios se tocavam e ambos pronunciavam um beijo de amor... na minha frente. – Não... pode ser... — Meus olhos estavam me traindo? Mesmo sendo um não, eu não podia aceitar. Não era possível! ... De qualquer forma, não consegui prestar atenção no resto do filme. Fiz um choro silencioso, enquanto só conseguia pensar na Amy e em todos os nossos momentos, enquanto a presença dela ao meu lado me incomodava... pela primeira vez. ~~~ A sensação era nauseante... não por eu ter presenciado um beijo desses dois, mas sim por me conter de forma avassaladora. Eu realmente estava suportando muito bem isso, pelo menos, até me distanciar deles... – Achei demais o jeito que o homem arriscou toda a sua vida para o bem da sua esposa! — Lire declarou. Era um comentário ao filme que havíamos justamente visto. — Quando eu me casar, quero que meu marido seja exatamente como ele! – Talvez eu tivesse chance contra ele? — Ryan confrontou os olhos de Lire, como se fosse uma declaração por isso apenas. – Quem sabe, Ryan? Bem, com certeza você será um ótimo marido! E ambos riram, enquanto o resto da equipe fazia seus próprios comentários sobre o filme. Eu estava abandonado e sem alma diante daquela multidão de sorrisos, enquanto Amy e Jin caminhavam com os outros ainda abraçados, comentando sobre a recente experiência que eu não desejava relembrar. Me afastei dos outros, indo para o portão de saída. – Por quê... por quê... — Eu fazia milhares de perguntas para mim mesmo. Por que isso teve que acontecer bem diante de mim? Por que eu não tive a coragem de me declarar anteriormente para a Amy? Por que eu sentia tanta amargura em meu coração, como se ele estivesse prestes a desaparecer em um buraco negro...? – Ronan! — A causa dos meus problemas resolveu aparecer. Tentei cumprimentá-la com um sorriso, obviamente falso. – Boa noite, Amy. – Você está... diferente desde que a sessão terminou. Não consigo mais te ver como o mesmo Ronan de antes... — Por favor, não fale desse jeito fofo e singelo comigo, agora que você envenenou cada parte de minha alma com uma imagem que não quer desaparecer de minha mente. – ... — Manti-me quieto. – Algum problema, Ronan? — Ela me perguntou, com uma expressão séria de preocupação. Claro que eu estava com problemas! Mas... a falta de conhecimento dela do meu amor, é minha mais pura e egoísta desgraça. – N-Não é nada... — Eu não conseguia mais olhar para ela... era muito nervosismo, e meu coração pulsava com uma velocidade muito rápida por causa da dor, da amargura e da tristeza... eu precisava... sair dali o mais rápido possível! — O rei de Canaban me chamou! Eu preciso ir! E então fui embora correndo, com Amy me perseguindo pelo caminho inteiro pedindo por explicações. Depois de alguns metros, invoquei meu dragão e deixei Amy para trás, olhando meu vulto preto que sumia no céu escuro e rancoroso. Durante toda essa experiência, só percebi semanas depois que estávamos sendo observados por duas pessoas na laje do cinema. Uma criatura de chifres, e outra mascarada. ~~~ Corredores do quartel general da Grand Chase. Estávamos eu, Dio e Zero num corredor com um beco sem saída. Os planos de construção daqui iriam incluir algo mais, mas de última hora, decidiram deixar do jeito que estava. Era ideal para alguma reunião escondida. Zero me trouxe para cá por algum motivo, e Dio o acompanhou. – E então... o que aconteceu? Não é do seu feitio Zero, tentar se enturmar. – Você possui um profundo sentimento por aquele Arcano de cabelos azuis, certo? — Pelo visto, ele ainda não sabe o nome de todos. Era um integrante novo. – Você quer dizer o Ronan. De certa forma, tenho respeito pelo seu modo de combate. – Então você deve ser o primeiro a saber o que ouvimos. — O que ele queria dizer com isso? De certa forma, pedi que prosseguisse. — Ronan depois do cinema, saiu da construção e ficou sentado no chão, pensando em algo. Amy então apareceu e falou alguma coisa... mas tudo que ela ganhou foi uma boa vista da capa do garoto a distância, ele fugiu dela. Hn... Amy e Ronan... talvez minha indagação estivesse certa. Ronan realmente está apaixonado pela garota... mas que mau gosto. De qualquer forma, cada um com seus próprios gostos. Para onde será que ele foi? Já fazem duas horas desde o cinema, e nem sinal dele, de novo. – Ora ora ora, estão tentando esconder algo de mim~? — Sieghart apareceu com um sorriso, que pessoalmente me incomodava, desenhado por todo seu corpo. Seu rosto, seus olhos, seus braços. Tudo nele era tão... alegre! – Sieghart? Como soube que estávamos aqui? — Dio olhou para trás e encarou os olhos brancos de seu rival. – Então, Ronan sumiu por causa da Amy? — Ignorou totalmente o asmodiano. — Creio que sei onde ele possa estar. – O garoto disse que tinha assuntos pendentes em Canaban. — Lembrou Zero. – Mas é impossível que ele tenha ido à Canaban, vejam. — Sieghart então ergueu um panfleto para todos os três garotos verem... era a foto de uma pessoa, com um pequeno texto escrito em baixo. A pessoa era Ronan, e em baixo, estava escrito “traidor do código de guerra de Canaban, Ronan Erudon.” — Está na lista de procurados do cartório. Ficamos sem acreditar por um certo tempo, até que eu finalmente resolvi destruir o silêncio com uma voz fria. – O que ele fez? – Não tenho certeza. — Falou olhando o panfleto com um olhar desinteressado, mas com um sorriso ainda largo. Desinteresse especial, nas palavras “ordem de guerra”. — Você já viu o livro da Ordem de Guerra de Canaban? É enorme. Eu nunca tive paciência de ler aquilo. – De qualquer forma... é melhor eu procurá-lo, rápido. — Tentei me afastar do beco e dos outros. Além de eu ter um certo toque de claustrofobia, Ronan estava sozinho em qualquer lugar de Vermecia. Isso é perigoso. Ultrapassei Zero e Dio, mas Sieghart me impediu, aproximando seu rosto DEMAIS da minha face. – Você sabe pelo menos onde começar a procurar~? Na verdade, não. Eu não tinha a menor ideia. Imaginei se ele fez essa pergunta por algum motivo, então resolvi tentar esclarecer isso imediatamente. – Você sabe? – Na verdade sim~! — Seus olhos brilharam, e sua face finalmente se afastou. — Eu e ele encontramos um pequeno “Oasis” a três horas daqui, mais ou menos dez quilômetros. – Huh... obrigado, Sieg. Agora, preciso ir. — Finalmente, ele me deixou partir. Antes preparei uma trouxa com alimento para levar ao Ronan. Eu não acredito que irei convencê-lo a voltar imediatamente, mas talvez consiga fazer que isso seja breve. ~~~ Estava apreciando um bom gole de meu suco de laranja que Jin havia me dado antes de ir treinar com Elesis, enquanto eu pensava... pensava apenas nele. Ronan. O que houve com você...? – Por quê? — Eu não conseguia entender mais nada. — Por que ele agiu assim? Apesar de tudo isso, tudo parecia normal. Ele sempre foi um palhaço apressado quando se tratava de Canaban, mas... Alguma coisa parecia fora do lugar. Ao terminar meu drinque, debrucei-me em minha cama e fechei os olhos, pensando que assim tudo sairia da minha cabeça. Engano meu. Mas de qualquer forma, estava com tanto sono que logo comecei a dormir.
“Ronan, não me deixe tão preocupada... isso é forma de se tratar uma senhorita?” Pensou, após recordar das ações de ontem a noite. ~~~ Já era um novo dia... apesar dos pesares na consciência serem os mesmos. Os pássaros cantando me faziam ter vontade de matá-los com um tiro do revólver da Mari. Como ousam me acordar a essa hora da manhã...? Ah, mas eu não podia fazer nada. Pus o primeiro pé para fora da cama já pensando no Ronan.
“Ele já deve ter voltado.” Pensei na hora. Me levantei da cama como se tivesse sido forçada, e fui escovar meus dentes Meus cabelos estavam uma bagunça, arrepiados e sujos, mas não estava com vontade de tomar banho ou lavá-los agora, apenas os escovei um pouco. Depois de terminado, resolvi praticar um pouco meu canto. Puxei do teto um microfone extensível e empurrei o interruptor que o ligava. Certifiquei-me de que o gravador de som estava ligado, para depois ouvir meu desempenho. Mas quando estava prestes a começar, ouvi duas batidas de leve na porta do meu quarto. Virei minha face e perguntei: – Quem é? – Sou eu, Lothos. – Ah, pode entrar. Imediatamente após entrar, ela perguntou: – Amy, será que poderia falar com você por um instante? — Lothos estava com uma cara de preocupada. Isso era um tanto normal, mas, nunca se sabe o quão importante essa conversa pode ser. Mas... será que algo havia realmente acontecido? – Claro comandante. Sente-se. Porém, ela preferiu não aceitar com um aceno da mão e continuou: – Por acaso aconteceu algo ontem? – N-Não, comandante... — Eu não podia revelar a ela que Jin e eu nós beijamos pela primeira vez. Era melhor mentir. E quanto ao Ronan, nem eu sei por que ele agiu dessa maneira. — O que foi? Algum problema? – O Ronan... não voltou ontem para o quartel general. – Ah... ele disse que iria para Canaban, então, deve estar por lá. – Não. Telefonei para o castelo de Canaban buscando informações sobre ele, e não encontrei absolutamente nada. — Isso... isso... era verdade? Se for só uma peça, é muito de mal gosto! – I-Isso é verdade, Lothos? – Sim, Amy. — Não pode ser. Então aonde ele passou todo esse tempo!? Será que está com sede? Com fome? Sozinho? Doente? O que houve com o Ronan afinal? Será que ninguém poderia me dar essa resposta!? Abaixei minha cabeça lentamente, para que meus cabelos pudessem cobrir minha face ligeraimente. – Bem comandante... não tenho a menor ideia de onde Ronan possa estar... será que poderia me deixar agora? – ...! Sim, Amy. Obrigada pela atenção. — E então ela fechou a porta, e ouvi os passos do sapato dela se distanciando a cada ruído. Sabe por que abaixei minha cabeça? Sim, foi para meus cabelos cobrirem. Mas, por que fiz isso? Porque eu não queria que a comandante me visse chorando... por um amigo que fiquei tão próximo... por que eu estava chorando por ele? Não é só um grande amigo? As lágrimas manchavam o piso abaixo de mim. Me ajoelhei e comecei a esfregar meus braços em meus olhos para limpá-los. Mas era inútil, sempre apareciam mais e mais... Eu quero respostas. Nem que eu tenha que procurar pelo Ronan e buscar a resposta dele. ~~~ Do lado de fora do quarto de Amy, eu ouvi toda a conversa de Amy e Lothos, e conseguia escutar o choro dela. Minha habilidade da penumbra me fazia camuflado ao cenário, não importasse qual, portanto, Lothos não me percebeu. – Amy, por favor, entenda. Entenda os sentimentos que o Ronan tem por você. E se você realmente o ama como a sua alma gêmea, você sabe o que fazer... é o melhor...
As centelhas seguintes estão no meu próximo post, desça um pouco na página e você encontrará!Clique para acessar a fanfic direto do site Grand Chase Players!
Última edição por Paprion em Sex Ago 24, 2012 7:47 pm, editado 5 vez(es) |
| | | Luminnus Tutor Fanfic
Mensagens : 539 Data de inscrição : 18/02/2012 Idade : 29
| Assunto: Re: [Fanfic] O Triângulo de Duas Retas - C4 Sáb Jul 14, 2012 8:38 pm | |
| OMG, valeu a pena esperar para ler essa obra magnífica de arte Pap. Estou sem palavras, sofri com o Ronan, e fiquei alegre com os acontecimentos do final do capítulo. Serei sincero em dizer isso: essa até hj foi a melhor fanfic que eu já li, mesmo com somente um capítulo. E entendo por vc ter dito que tem um carinho especial por ela. Só por esse comecinho, com certeza vale a pena esperar para ver o resto dos acontecimentos. Parabéns pelo lindo trabalho e espero por mais capítulos logo. *-* |
| | | TheDarkBoy Tutor Lupus
Mensagens : 970 Data de inscrição : 03/02/2012 Idade : 25 Localização : Araguaína-TO
| Assunto: Re: [Fanfic] O Triângulo de Duas Retas - C4 Sáb Jul 14, 2012 9:23 pm | |
| Bem... Li sua fanfic, uma grande obra! E o primeiro trabalho seu que eu li e sinceramente, virei seu fã! Continue postando, Paprion, estarei aguardando por próximos capitulos! |
| | | Kuran Nv. 0 - Mar de Patusei
Mensagens : 216 Data de inscrição : 03/02/2012 Idade : 27 Localização : Ernas
| Assunto: Re: [Fanfic] O Triângulo de Duas Retas - C4 Seg Jul 16, 2012 10:05 pm | |
| Eu finalmente acabei ^^ Eu adorei mesmo a fanfic Papri Eu espero grandes surpresas *o* SEi lá mas eu sinto que a Amy tambem gosta do Ronan u_u Espero pela proxima centelha. |
| | | Paprion Equipe GCPlayers
Mensagens : 66 Data de inscrição : 29/01/2012 Idade : 29
| Assunto: Re: [Fanfic] O Triângulo de Duas Retas - C4 Qua Jul 18, 2012 11:30 am | |
| Segunda centelha postada! Obrigado pelos comentários, Kuran, DarkB e Luminnus, significam muito pra mim~ Eu já venho pensando há um tempo em censurar uma certa passagem da terceira centelha pois acho que não se adequaria para o público ver direto no site... mas eu irei com certeza adicioná-lo aqui. Se estiverem curiosos para ver, é só ficarem atentos aqui. ^^ ~~~ ~ Terceira Centelha - Bônus que no site não tem~! ~ - Spoiler:
A noite passava lentamente enquanto eu me punha a correr na direção que Sieghart indicou — três horas, sentido horário — com tal pressa que fazia parecer que era um caso de vida ou morte, isso já passados 20 minutos. Já deveria ter passado de sete quilômetros dos dez que ele me informou. Se não fosse pelo peso extra que eu estava carregando, talvez eu já tivesse chegado em meu destino. De qualquer modo, eu nunca cheguei a pensar nisso, mas, com tanto rancor em seu coração, Ronan poderia apontar sua arma para si mesmo. Eu não me dei conta daquilo na hora, senão não teria sequer levado todo aquele suprimento enorme de comida e utensílios.
Mas, mesmo que eu o encontrasse, eu não sabia o que dizer para estabilizar um coração apaixonado, já que a paixão é um obstáculo que nunca encontrei — Pelo menos, não que eu me lembre — Depois de mais cinco minutos de "caminhada acelerada", vi uma nuvem de fumaça se erguendo a mais ou menos quinhentos metros de distância e o cheiro similar ao de fogo. Meus pés iriam conseguir descansar logo em breve.
~~~
Estava frio. Apesar das chamas ardentes da fogueira aquecerem meu corpo, este não ajudava a esquentar o meu coração gelado. Mais parecia torná-los cacos de vidro que apenas cortavam lentamente a capacidade do meu pulmão de respirar, era um momento exorbitantemente doloroso não fisicamente, mas mentalmente. A fome também fez uma visita ao meu estômago, fazendo-o suplicar por uma deliciosa refeição servida pelas hábeis mãos da Comandante Lothos, ou o grande dote culinário de Lire, ou do cuidado pleno de Ryan com os alimentos. Não comi nada o dia inteiro pois estava trancado na masmorra de Canaban, e sequer pensei em comprar algo no cinema por causa da pressa. O lago ao lado tentava me acalmar com sons calmos e serenos, mas não adiantava... não iria adiantar.
Será que esse era meu fim? Terminar morto de fome conhecido como um mero infrator da lei, desobedecendo e fugindo das mãos onipotentes do rei de Canaban? Decidi deitar minha cabeça em uma pedra como uma fútil tentativa de ir dormir, mas estava apegado demais a um fofo e quente travesseiro. A grama pontuda bem abaixo de mim me espetava, da mesma forma que os Cavaleiros de Canaban fariam comigo se me achassem vivo em um lugar desses. Cada movimento me machucava, e nenhuma posição era confortável. Mesmo assim, fechei os olhos.
Mesmo assim porém, uma perturbação preencheu meus precavidos ouvidos com um leve som de passos fortes e sólidos. Não estava vindo pela grama, mas sim pelos galhos das árvores. O que me fez presumir que era um Ninja ou um Mercenário. De qualquer modo, deveria ser alguém contratado pelo rei para me levar de volta para meu reino. O que, obviamente, não era o que eu procurava. Levantei-me rápido, e ergui minha Égide a altura do peito, mantendo apenas os olhos para fora da minha forte defesa. Mesmo com a fome me importunando por dentro, era necessário me manter de pé, ou era meu fim. Quando o sujeito apareceu, notei que ele carregava uma trouxa, cheia até o topo. E seu portador era...
— Lass! — Urrei surpreso, e ao mesmo tempo animado. Parece que meu fim ainda não chegou. Esbocei um sorriso e o cumprimentei me aproximando dele e dando um tapa na lateral de seu ombro.
— Mas que diabos de lugar você foi enterrar sua cara, em. — Me senti ligeraimente ofendido, mas deixei passar. Sua companhia me consolava o coração partido. Ele deu uma olhada pelo cenário doce e sereno da pequena clareira e concluiu — Mas, de certa forma, belo.
— Enfim... o que é isso que você está carregando?
— Ah, comida.
— COMIDA? — No mesmo instante roubei sua trouxa com uma forte puxada, derramando todo o conteúdo dela, que não passava de biscoitos, salgadinhos, dois cobertores e dois travesseiros. — Mas o que é isso?
— Já disse, comida. E coisas para podermos dormir com pelo menos um pouco de conforto.
— Bem... eu esperava algo melhor para comer... mas tudo bem, eu acho...
— Mas não é só isso que trouxe de comida. Veja o que mais tem dentro. — Eu havia pensado que tudo tinha caído da trouxa, mas realmente eu estava enganado. O abri mais um pouco, e percebi uma lancheira roxa com uma única linha rosa grossa e diagonal. Era de tamanho médio, portanto me surpreendi por não tem saido com o resto. Quando eu abri, vi que realmente não eram só porcarias o que Lass trouxe. Dentro dela, estavam alguns pedaços de sushi, bolinhos de arroz e um molho. — Ah, demais! Lass, obrigado! Você é o melhor amigo que alguém poderia ter!
— Não é nada. Bem, vamos comer?
— Sim!! — Concordei rapidamente, já babando por ter uma refeição! E decente!
Dividimos a comida para nós dois, sendo que Lass me deixou ter a maior parte, pois acredito que ele tinha a sensação de que eu estava com muita fome quando eu berrei "COMIDA?" logo ao ouvir dele a mesma palavra. Enquanto o tempo passava sobre o fogo ardente e sua companheira de sempre, a fumaça cinuosa, conversamos sobre várias coisas do dia, e de outros assuntos para que pudéssemos acalmar nossos nervos e descansar um pouco. Quando me dei por satisfeito guardei o restante da comida que não comi. Lass trouxe muita coisa, e só sobrou um pouco mesmo.
– Então... acabou? — Ele disse com um olhar de "se fosse outro alguém aqui, essa pessoa teria vergonha de seus modos."
– Me desculpe, mas eu não comi nada o dia inteiro, haha.
– Tudo bem... Na verdade, não vim apenas para lhe alimentar.
Fitei-o com uma expressão curiosa. Ele se aproximou e me pediu para sentar mais próximo da fogueira, o que era uma boa ideia. O vento frio estava cuidadosamente soprando nossos corpos, talvez com a intenção de relaxar, mas ele não sabe como está sendo um incômodo. Me movimentei ainda sentado para me aproximar do fogo ardente, e Lass fez o mesmo, pousando seu peso na grama pontiaguda; que o deixou com um certo desconforto. Logo ao lado das chamas incadencentes se encontrava o lago que agora produzia sons um pouco mais agitados, simultaneamente refletindo o reflexo da linda lua cheia. Eu sentia que ela queria falar comigo, me dizendo que suas crateras eram as feridas que ela ganhou ao longo do tempo, que também sofrera assim. Isso era um sinal de como aquilo era horrível, ou apenas um sinal de não desistir, como ela até agora?
– É sobre a Amy, não é? — Conclui após fitar a lua no céu. Afinal, foi esse o motivo da minha fuga. Enquanto conversávamos, nenhum de nós dois desviava da luz logo acima de nossas cabeças.
– Sim, é exatamente sobre ela.
– Eu não vou voltar... ainda. — Com toda a certeza. Eu precisava me estabilizar emocionalmente antes de vê-la novamente.
– Eu sei. Mas não vim aqui para levá-lo de volta.
Na hora, fiquei um tanto surpreso. Mas então me lembrei que eu estava falando com Lass, uma pessoa fria que não se deixa influenciar por nada além do que ele acha correto. Muitas das vezes que ele acha que algum plano que fazemos não vai dar certo — e realmente vai como ele acha —, ele o previne.
– E o que seria, então?
– Você acha que vale a pena estender seu amor a dor por causa de uma pessoa?
– Lass... — Finalmente abaixei minha cabeça para minhas pernas e a grama. Ele notou e olhou para mim. — Você sabe o que significa estar apaixonado?
– Hn... Não. Eu desconheço esse sentimento chamado "amor". Não me lembro de nada antes de ser possuído por Cazeaje, não sei meu nome real, não sei quem são meus pais, não sei onde fui criado ou onde eu nasci. Mas bem, apenas sei que o eu de agora é "Lass". — Sua voz não parecia relutante, ele parecia firme no que falava. — Não sei o que significa amor. Mas posso garantir que, se isso é amar, é um sufoco que nunca quero passar perto.
– O que está querendo dizer?
– Isso é amor, Ronan? Isso que você está sentindo pela Amy, é o tão falado amor, o tal sentimento maravilhoso, que ouço todos os dias enquanto vago pelas ruas de Serdin ou de Canaban?
– Haha, Lass... — Ele me deixou sem palavras, como eu poderia argumentar. Amor era para ser algo lindo, não é? Isso não é beleza. — Eu diria que... Amor é uma enorme fruta que não tem um sabor só e que você pode levar vários anos para terminá-la. Se é que termina.
Ergui meu corpo junto com minha cabeça e minha mão direita, eu simulava tentar pegar a lua cheia para depois dar uma mordida, para saber seu sabor. Lass apenas fitava, com o que parecia ser um sorriso, mas eu duvido.
– Você só irá saber seu sabor ao dar uma mordida. No começo ela pode ser amarga ou pode ser doce. A medida que você vai degustando dela, seu sabor pode mudar. Pode ficar azedo, ou salgado, ou até continuar do jeito que estava antes. — Levei minha mão agora até o meu coração, agarrando minhas vestes com toda a força para não deixar o mal que prejudicava minha alma o toque mais. — Eu estou apenas comendo essa fruta neste momento, e tem um sabor bem ruim agora.
– Eu não como frutas. Acho que esse é mais um motivo para eu não comê-las.
– Bem, faz parte da alimentação saudável! — Olhei para ele, agora com um olhar mais disposto, e um pouco mais feliz também! — Amor pode ser uma fruta, mas existem outros tipos de comida e outros tipos de emoções, vivemos com todas elas, não devemos dispensá-las!
– Tudo bem, tudo bem. Eu irei voltar... — Ele se levantou, andou alguns passos e recolheu a trouxa que estava abandonada alguns metros da onde estávamos. O vento parecia me empurrar na direção de Lass, então, eu falei o que eu deveria.
– Eu vou junto com você! — Dei alguns passos até chegar perto dele, agora eu vi de verdade, Lass estava sorrindo! Disse que não esperava que eu tivesse uma recuperação tão rápida, e começamos a caminhar. Pensei que ele iria na frente pelas árvores como ele preferia, mas dessa vez ele foi junto comigo. Conversamos e trocamos ideias enquanto não chegávamos em Serdin, onde Amy me aguardava...
~~~
– Vamos, Elesis! Qual o problema? Parece realmente lenta hoje!
– Ora, cale-se, seu...! — Ah... Elesis, como sempre, caiu no joguinho provocativo de Sieghart. As vezes ela é tão boba...
Eu estava sentada em uma pedra que tinha mais ou menos um metro de altura, distanciada dos dois parentes que estavam lutando. Elesis se movimentava de um jeito bruto e rápido, mas Sieghart e suas acrobacias precisas em pleno ar faziam parecer que ela estava lutando contra o nada. Ambos faziam poeira levantar em cada um de seus movimentos ágeis e firmes, que eram soprados para longe — que alguma hora me acertou. — A cada golpe falho de Elesis, Sieghart deixava escapar uma risada provocativa, o que a enfurecia ainda mais. Mesmo que ela o acertasse, ele conseguia ou defender ou se recuperar com extrema velocidade, era realmente uma batalha intensa. Pouco depois de muito estardalhaço, Jin apareceu ao meu lado com o suco de laranja que eu havia pedido e com um doce sorriso de brinde. Eu repliquei o bônus, e adicionei um "bom dia" na receita.
– Será que eles vão parar com esse treinamento alguma hora? — Ele perguntou, apesar de eu achar que tenha sido para ele mesmo. Voltei a minha atenção aos dois combatentes.
– Sabe há quanto tempo eles estão aqui? Você tá há mais tempo que eu. — O modo engraçado que Sieg fitava Elesis depois de um ataque desviado era hilário, acho que era apenas isso que chamava minha atenção, me fazendo sorrir e rir um pouco. Fazia minha mente se distrair do jeito que Ronan fugiu de mim. Ainda estou preocupada, mas ficar pensando nisso não vai me ajudar em nada. Ele pode se cuidar muito bem, e em breve irá voltar para casa normalmente pedindo desculpas por uma despedida tão ruim e dizer que estava com pressa como explicação. Eu sei disso.
– Alô? Amy? — Jin ficou na minha frente, percebi que desliguei meus ouvidos e apenas prestei atenção no que minha mente me mostrava.
– Ah, Jin! Me desculpa, meu fofo~! — Segurei-o pelo queixo com um olhar provocante e o puxei para mais perto, lhe dando um selinho. Ele continuou sorrindo, mas claramente foi surpreendido, hehe.
– Ha... hahaha... — Essa risada sem jeito comprova minha teoria. Que fofo! — Eu disse que eles estão aqui desde que acabaram o café da manhã.
– São nove horas, eles começaram duas horas atrás?
– Sim. Incrível, não é? — As vezes esses dois me assustam! Ou os três, Jin segue no mesmo ritmo! Agora que eu notei o corpo deles coberto de suor, da cabeça até os pés. Credo! Não quero ficar perto deles quando eles acabarem sem antes tomarem um banho. — Ah, finalmente acabou.
Só porque eu pensei nisso! Sieghart havia aparecido do nada ao meu lado, e ainda por cima me agarrou pelo pescoço com aquele braço mal cheiroso e molhado de suor!
– Ora, olá Amy! Porque está aqui sentada só olhando os homens olharem? Yaoi?
– AHHHHH! — Não aguentei mais! Corri o mais rápido que pude para dentro do quartel, só os três sabem o quanto me apressei naquele momento!
– QUEM VOCÊ CHAMOU DE HOMEM!? — Ouvi Elesis urrar extremamente alto atrás de mim, finalmente conseguindo acertar um golpe fatal nele — soube pelo barulho do impacto. —, mas quando dei por mim, já estava correndo para um dos banheiros e lidar com o problema que o Sieg me trouxe. Que nojo!!
~~~ BÔNUS ~~~
– Ah~ — Eu havia acabado de tomar um ótimo banho de água quente, estava revitalizada. A única coisa que me incomodava nessa saída, era o vento frio que soprava meu corpo ainda molhado, o que me fazia arrepiar inteira.
– Certo, agora, vou me vestir!
Quando fui pegar minhas roupas, eu me lembrei do erro fatal que eu havia cometido...
– Onde estão minhas roupas!? — Após entrar em pânico por um breve período de tempo, me lembrei que não trouxe nenhuma roupa para o banheiro. Bem... meus equipamentos da Sistina estavam empilhados ao lado da pia, mas o Sieg usou um "Suor da Morte" na blusa, então eu realmente não quero usá-la! E ir para o meu quarto com a parte de cima do meu corpo coberta apenas pelo sutiã não é uma opção! — O que eu faço...?
Consegui sentir os ventos frios da manhã trazendo uma chance de ouro que eu não podia deixar passar! O som da voz de Arme! E percebi que estava bem próxima. Eu precisava da ajuda dela!
– Arme! — Deixei a porta entre-aberta, com apenas minha cabeça do lado de fora. — Será que poderia me dar uma ajudinha aqui?
– Ahn, claro, o que é? — Quando ela se aproximou mais um pouco da porta, eu a puxei rapidamente para dentro! — Amy! O que foi!?
– Quieta! Eu preciso que você tire suas roupas, senão, não vou poder pegar as minhas no meu quarto! — Foi bastante difícil fazer algo, já que ela ficava se debatendo entre meus braços resistindo a tudo que eu fazia com ela, enquanto ensurdecia meus timpanos com seus gritos! Como era teimosa, eu tinha um bom motivo! Mas depois de muita luta, eu consegui tirar todas as vestes dela — depois de eu tirar uma peça, ela deixou de resistir —, e coloquei as roupas da Arquimaga dela em mim. — Fique aí, tá? Eu volto logo com as suas roupas.
– Não é como se eu pudesse sair né, Amy!? — Falava cobrindo seu peito com os braços.
Verdade. Agora ela está na mesma situação que eu estava agora a pouco. Ri um pouco ao pensar que trocamos de lugar. Era engraçado pensar que eu era a Arme, e ela eu. Enquanto eu andava a caminho do meu quarto, percebi que a roupa dela cabia quase perfeitamente em mim! Mas... o sutiã apertava um pouco no meu peito, ai. Não era tanto, mas certamente incomodava. Por falar nisso... porque peguei isso dela? Não era só... bah, deixa pra lá! Está sendo divertido!
Chegando no meu quarto, abri meu guarda-roupa. Não precisei procurar por muito tempo, meu conjunto da Musa estava em destaque junto com minhas roupas da Dança e da Diva. Como eu estava com preguiça e também pressa de tirar a Arme de lá, não arrumei meu cabelo. Deixei liso do jeito que estava. No caminho de volta, parei na cozinha para pegar algo e voltei à minha rota. Lá, me deparei com a Mari. Pensei que ela ia estranhar o fato de eu estar segurando as roupas da Arme, mas ela simplesmente deu uma olhada breve e ignorou. De qualquer jeito;
– Arme, voltei. — Ela abriu a porta imediatamente com rapidez e pegou as roupas como um raio, e com a mesma velocidade se trancou de volta. Esperei ela acabar, precisava dar algo para ela para agradecer. Quando ela abriu, já vestida...
– Amy! Poderia me pedir para pegar suas roupas, e não tomar as minhas! — Esse foi o detalhe que deixei passar antes, hi hi.
– É mesmo, ahaha... — Passei um pouco de vergonha, mas decidi contra-atacar! — Porque não disse isso antes ao invés de ficar berrando?
– Ah... — Virou-se de costas, e eu senti aquele olhar de incômodo dela por trás. — Isso não importa mais... eu já vou indo.
– Espera, toma isso. — Entreguei o que peguei na cozinha para ela, era o presente de agradecimento. Ela apenas me fitava com um olhar de quem não tinha entedido, percebi que ela queria saber para que era aquilo. — É leite, vai ajudar, acredite!
~~~
O sol invadia meu quarto com muita intensidade, fui obrigado a me virar para o outro lado da cama, mas ao ver as horas me vi obrigado a me levantar. Eram onze da manhã, me acordei realmente tarde hoje. Mas me fez muito bem, minha mente agora está muito mais relaxada. Me sinto como se quisesse vê-la novamente, ah, esse coração fraco que tenho. Ergui-me da cama com apenas um pouco de força, tentei abrir meus olhos, mas levou algum tempo. Pisei com o pé esquerdo no chão, e fiquei um pouco atordoado antes de me dirigir ao banheiro. Primeiro lavei minha cara, agora eu poderia realmente me sentir acordado. Escovei meus dentes em primeiro lugar, depois busquei minhas roupas para poder tomar banho, depois de muito tempo, haha. Eu estava agora vestindo minhas roupas do Peregrino, me sentia mais a vontade com elas. Como eu estava cansado ontem, deixei minhas armas em um lugar qualquer. Mas agora, eu as organizei do modo que eu sempre fazia: no fundo do guarda roupa, da esquerda para a direita minhas armas na sequencia de evolução — ou seja; Gládio, Glaive, Égide e Tirfing —. Me vi pronto para sair do quarto, e encarar de frente o que o destino reservava para meu coração.
A saída do meu quarto foi tranquila, mas não pude sequer descer as escadas em paz. Alguns vieram me perguntar — Amy não estava entre eles — onde eu estive, e porque eu desapareci de repente. Eu os respondi com a mesma afirmação de antes: fui para Canaban, resolver assuntos com o rei. Lass me olhava de modo frio. Mesmo sendo inexpressivo, sabia que aquilo significava que estava desapontado com minha mentira. Bem, o que eu poderia fazer? Não posso dizer a todos que estive isolado em um lugar qualquer dos Arredores do Castelo de Serdin, vulnerável a qualquer ataque de monstros, abatido pelo meu coração vulnerável impulsionado pela cena de Jin e Amy no cinema. Fiquei enjoado só de me lembrar, meus olhos se fecharam por conta própria e deixei um suspiro de lamento sair, mesmo que contra minha vontade. O Ninja me deu um tapa nas costas e desceu as escadas a caminho da cozinha, já estava na hora do almoço. Segui todos enquanto conversava com os que estavam próximos, um sorriso que eu estava sentindo falta se ergueu nos meus lábios, talvez tudo fosse mudar em breve. Lá dentro eu vi Lothos, que estava preparando os pratos finais sozinha, eu coloquei minha mão em seus ombros, e em resposta ela me fitou um tanto quanto perplexa.
– Ronan! Você voltou! — Como Lothos não foi para o cinema conosco, ela já não me vê há alguns dias. Mas, o mais importante, ela me denunciou para meu pai, e eu fui preso na masmorra por isso. A comandante me devia algumas explicações.
– Sim. Lothos, será que poderíamos conversar mais tarde? — Ela confirmou. Quando eu recuei, ela já havia acabado o que estava fazendo. O almoço estava pronto.
Todos se sentaram em seus lugares; o pano, os pratos e os talheres estavam todos a postos, só faltava o mais importante: a comida! Infelizmente, Lothos não serve a comida quando tem gente faltando na mesa. Eram estes — adivinhem — Amy e Jin. Felizmente (ou infelizmente), eles não demoraram para aparecer. Como eu previ, eles chegaram ao mesmo tempo, e de mãos dadas. Não deixei isso me incomodar, por ora. Ela logo ao me ver, gritou meu nome e foi ao meu lado para perguntar mil coisas, mas Lothos impediu no mesmo momento e pediu para deixar tudo para depois do almoço. Ela obedeceu um pouco incomodada e enverganhoda, sentando-se em seu lugar na mesa; ao meu lado.
Apesar de todas as desavenças passadas que enfrentei, consegui ter uma ótima refeição preparada com o amor de Lire, o carinho de Lothos e o esforço de Ryan. O fato do motivo do meu sofrimento estar ao meu lado — Amy — e à minha frente — Jin — não me incomodou durante os momentos que eu mordia a refeição. O sabor que aguçava meu paladar fazia minha mente ser totalmente possuída pelo estômago, e durante aquela reunião da equipe, não consegui ouvir nada além de garfadas e mastigação abafada. Poucos minutos se passaram, e um por um eles deixavam a mesa. Fui um dos últimos a terminar, apenas com Amy ainda se alimentando, e Jin a aguardando sentado. Talvez ela tenha demorado de propósito, pois quando eu me levantei da mesa também havia feito o mesmo.
– Preciso falar com você! — Ela falou imediatamente ao se levantar, me olhando com uma face... insegura. Parece que ela passou por maus bocados enquanto eu estive fora.
– Tudo bem... mas... — Desviei minha atenção para a comandante, que neste momento retirava o prato de Sieghart que saira há pouco. — Tenho algo a resolver agora. Poderia me esperar no seu quarto?
No início ela relutou um pouco, trocou um rápido olhar para Lothos, que sequer notou que estava sendo observada por nós dois. Ao voltar o olhar para mim, consentiu com um aceno da cabeça, e deixou a cozinha com seu... namorado. Me doi dizer isso, mas não era tempo para isso. Como eu disse, tinha coisas para fazer.
– Lothos, podemos?
~~~
– Sieghart me chamou para treinar depois do almoço quando você saiu mais cedo. — Jin disse no meio do caminho para meu quarto — Eu irei lá, você pode se cuidar, não é?
– Claro! Não sei se você sabe, mas eu sou uma SuperStar, posso conseguir tudo que eu quiser! — Ri um pouquinho, o Lutador fez o mesmo, mas não durou muito. Logo, ele se despediu. Eu estava em um corredor largo, provavelmente caberia quinze pessoas lado-a-lado para começar a ficar apertado. Logo a direita ficava um corredor um pouco mais estreito, era onde ficavam os quartos das meninas. Eu iria direto para o meu quarto assim que Jin tinha saído de vista, mas algo me impediu. Vi que Dio e Ryan estavam conversando algo há poucos metros de distância, e eles me olhavam de um modo que me incomodava. Pareciam estar fofocando de mim! Os sorrisos provocativos de Dio e os olhos mal-intencionados de Ryan me fizeram perder a paciência poucos segundos depois de notar. Tive que dizer algo. — Posso saber o que os dois estão olhando?
Dio apoiou suas costas na parede e desviou o olhar para Ryan, que por sua vez confirmou com um aceno da cabeça. Começou a se aproximar de mim, com um olhar calmo e confiante. O que será que ele estava tramando?
– Amy, será que eu poderia falar uma coisinha com você?
– Hn... claro... — Continuava com minhas suspeitas.
– Bem, você sabe como estamos na mesma equipe há alguns meses, não é?
– Sim...
– Desde aquele nosso primeiro encontro no Templo da Luz, tive a impressão de que você seria uma garota legal. E durante nossa jornada, percebi que estava certo. — Mantive-me em silêncio. No que isso iria dar? — Depois de muitas missões que fizemos juntos, parece que eu comecei a me sentir atraído por você.
– Ahn... tá? — No que isso estava se tornando? Eu estava com medo das próximas palavras que Ryan poderia dizer, só fiquei com vontade de ir correndo ao meu quarto! Mas... Ryan sempre foi uma pessoa gentil para com todos nós, eu não posso fazer isso...
– Ah... que pena que você já está namorando o Jin. Será que eu não teria nenhuma chance de ficar com você?
– A-Ahn? — O que ele estava dizendo!? Será que tinha ficado maluco de vez? Já não bastava essa recente confusão com o Ronan, e agora eu recebo uma declaração do Ryan!?
– Amy, eu te amo.
– E-Eu... — Me desculpe Ryan, mas eu não consigo mais aguentar! — Preciso ir ao banheiro!
E imediatamente fugi, para qualquer lugar longe dali. Não pode ser... por favor, me digam que isso não está acontecendo comigo! Já estou com tantas coisas na cabeça, não mais uma! E uma das ruins! O que eu faço... O que eu faço?
~~~
Havia acabado de deixar a cozinha, parece que Lothos não tinha intenção de me fazer ser preso em Canaban. Ela havia dito isso para meu pai pensando que ele poderia me ajudar com minha decisão. Imaginou que como eu era seu filho, não faria algo tão cruel comigo mesmo contra o código — muito pelo contrário —, mas acabou fazendo. Eu havia lhe contado como foram meus dias até agora, ela ficou um pouco perplexa por ter passado por tantos maus bocados, mas estava feliz por eu estar bem. Apesar de todos os assuntos, foi uma conversa rápida. Disse que precisava me encontrar com Amy, e ela se despediu com prontidão. Pedi desculpas pelo incômodo, e fui em direção ao quarto da Dançarina. Ao chegar no corredor anterior ao do quarto das garotas, notei Dio apoiando suas costas na parede e com seus olhos fechados. Parecia estar pensando em algo, ou apenas relaxando. Ao notar minha presença, ele abriu os olhos e começou a se aproximar aos poucos.
– Por acaso viu a cena que acabou de acontecer aqui? — Ele disse enquanto ainda vinha na minha direção.
– Não, eu acabei de chegar.
– Ah, você perdeu. Deveria ter visto o brilho nos olhos do Ryan.
– Do que você está falando?
– Ele acabou de se declarar, bem aqui onde nós estamos de pé.
– Ah? Ele se declarou para a Lire? Legal, não é? Qual foi a resposta?
– Não não, não foi para a Lire.
– Quê? Mas eu sempre achei que ele tinha uma queda por ela... não pode ser. Então, foi para quem? — Não consegui notar o sorriso dele na hora, apenas fui perceber muito tarde. Mas o que ele falou deixou meu coração aos saltos, novamente. Mais uma ferida.
– Amy.
– ... — Fiquei em silêncio por vários segundos, sem conseguir acreditar no que meus ouvidos escutaram. — é uma brincadeira, não é?
– Eu não mentiria sobre algo assim. Você pode perguntar à garota, ela irá confirmar. Mas ela pode estar meio... "desorientada" agora.
Ignorei a presença asmodiana dele logo em seguida, não tinha mais tempo a perder com ele. Eu tentei me convencer de que tudo que ele estava dizendo era apenas uma mentira diabólica de sua raça imunda, mas foi difícil. Meu sangue estava gélido, e meu coração novamente instável, com batidas muito fortes. Meus olhos procuravam o quarto dela, enquanto meu corpo se apressava para auxiliar a vista. Eu precisava tirar isso a limpo com a Amy.
Porém... Se o que o Dio disse sobre Ryan ter dito aquilo for verdade... Eu não posso me atrasar! Ele conseguiu coragem para dizer isso, mesmo com a Amy já namorando! Eu preciso fazer o mesmo! Mas... por que isso parece mais difícil do que mexer meu corpo na luta contra Thanatos? Por favor, que Baldur me ajude, pois acho que não irei aguentar tudo isso.
Última edição por Paprion em Seg Jul 30, 2012 12:02 pm, editado 4 vez(es) |
| | | Luminnus Tutor Fanfic
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| Assunto: Re: [Fanfic] O Triângulo de Duas Retas - C4 Qua Jul 18, 2012 11:46 am | |
| Vish, ótimo segundo capítulo. Já havia lido ontem, mas deixei para comentar aqui no fórum. Esperando pela terceira centelha. Espero que vc a traga logo ^^ |
| | | Paprion Equipe GCPlayers
Mensagens : 66 Data de inscrição : 29/01/2012 Idade : 29
| Assunto: Re: [Fanfic] O Triângulo de Duas Retas - C4 Sáb Jul 28, 2012 3:15 am | |
| Terceira centelha postada! Está dois posts acima desse porque o post anterior atingiu a largura limite, então, fiquem atentos! ~~~ ~ Quarta Centelha - Sem Censura ~ - Spoiler:
Lá estava eu, frente a frente com a porta que era a entrada para o quarto de Amy. Estava muito nervoso, as palavras de Dio ainda ecoavam na minha cabeça enquanto eu imaginava o momento que Ryan se declarou para ela, e agora... O que eu iria fazer? Apesar de tentar pensar em um plano, me via distraído pelas rosas que enfeitavam a porta da Dançarina. Estavam realmente belas, mas já as vi brilhando de exuberância antes. Bem, não era só isso que me desviava os pensamentos, era principalmente a bonequinha da Amy que estava pendurada na porta, que exalava um ótimo perfume de jasmins. Os olhos eram pequenos círculos, e uma pequena reta curvada no que deveria ser a boca. Estava vestindo suas roupas da Dança, de sua primeira classe... Eu ainda não sei quem a fez, talvez eu devesse perguntar mais tarde. Quando voltei ao mundo real, empurrei meu próprio corpo com leveza em direção a porta, colando meu ouvido na madeira. Apesar de ter ficado vários segundos ali parado, não consegui ouvir sons claros. Não houve ruídos de passos, mas havia um sussurro abafado. Quando eu menos esperava, ouvi ruídos da cama, e logo em seguida escutei alguém se aproximando... na minha direção!
O que eu faço? Imediatamente eu fiquei de pé normalmente, mas... e depois? Eu não conseguia mais me mover, e ela se aproximava! O choque me fez ficar paralisado, quando percebi, estava apenas aguardando o momento que a porta iria se abrir. E com os poucos segundos que se passaram, a pequena bonequinha a minha frente foi substituida pela original.
- ... Huh? Ronan?
- Ah... Olá! – Pensei que estávamos ambos meio sem jeito já que sua cabeça estava um pouco abaixada, mas na verdade, notei que era só eu quando eu olhei melhor para seus olhos. Estavam... manchados. Com lágrimas. – ... Amy?
- ... Ronan... – Algo estava claramente errado aqui, e eu não sabia seja lá o que fosse. O que aconteceu enquanto eu estava fora? O tempo passou lentamente quando o corpo dela se aproximava do meu, foi como se ela tivesse tropeçado, mas não foi isso. Ela apenas deixou-se cair sobre meu peito, e eu demorei para assimilar o que havia acontecido. Quando sua cabeça havia pousado em mim, eu a visualizava ainda caindo em minha mente. Levou um tempo, mas não demorei para abraçá-la, e permitir que seu choro encharcasse minha roupa. Amy tentava abafar os gritos que acompanhavam suas lágrimas, mas isso parecia piorar a situação dela. Sua barriga se enchia e se esvaziava com rapidez, seguindo o ritmo de sua respiração ruim. Não fiz nada, apenas deixei minhas mãos em suas costas, e manti meu rosto encostado na cabeça dela, sem colocar muito peso. Não era hora para conversamos com nossos lábios, mas sim usando a velha linguagem corporal.
Ficamos abraçados pelo que acho que durou quarenta segundos, ela conseguiu se recompor de forma lenta, com seus olhos brilhando por causa da lágrima e da luz. Sua mão ainda estava agarrada à minha roupa, quando ela falou, trêmula:
- Ronan... pode entrar no meu quarto, um pouquinho?
- Claro. – Respondi prontamente. Não deveria deixá-la sozinha, ou melhor, não podia. Amy precisava de mim, então devo ao menos atender ao seu pedido. Ela me levou para dentro ainda segurando minha cota, parecia que a resposta não importasse para que eu fosse levado até seus domínios. Logo em sua frente estava a cama, o restante de seu quarto era caracterizado pelo guarda roupa rosa com estrelas como maçanetas, pôsteres espalhados pelas paredes e seu próprio banheiro, que dessa vez tinha uma aparência normal.
Pensei que ela havia se acalmado, mas me puxou até a cama dela e havia afundado sua face no travesseiro novamente, desabando em choro. Mas não importava o que ela fizesse, ela não me largava. O barulho era baixo, mas eu conseguia sentir todo seu impacto apenas de ver seu cabelo rosa com movimentos frequentes, rápidos e curtos. Podia não saber o que estava acontecendo, mas me sentia triste por vê-la daquele modo. Depois de poder ficar apenas observando, não me contive mais. Deitei em sua cama lentamente, enquanto enlaçava seu corpo com minhas mãos, e novamente pousei meu rosto em sua cabeça. Depois de aproximadamente trinta segundos de mais choro intenso, ela pareceu ter se acalmado um pouco. Rapidamente me levantei de sua cama, não queria que ela entendesse aquilo da maneira errada, apesar de que estava adorando a maneira que ela me tocava, e eu a ela!
O silêncio continuou mantido por muito tempo. Durante tudo isso, ela se levantou – sem se importar em esconder as lágrimas, e com uma expressão mais desgastada. Estava se recuperando. – Foi até seu guarda roupa e pegou sua roupa da Dançarina, a mesma da boneca. Até ali tudo bem, se não fosse pelo fato dela ter começado a tirar sua cota na minha frente! Seus dedos haviam segurado a barra sem preocupação, ela não tirava de modo lento, mas era assim que eu a via! Ela parecia ter alguns problemas, mas conseguia fazer sua roupa se deslocar cada vez mais. Já era possível ver seu umbigo, eu ainda estava surpreso com aquilo, mas era uma chance única. Não podia desperdiçar. Quando ela já estava para chegar na altura do peito, notou minha existência, e que eu a estava observando.
- Poderia se virar? – Minha felicidade durou pouco.
- Ahn... Ah! Tudo bem, eu saio! – Já estava me preparando para agir, quando Amy colocou-se na frente da porta, ainda segurando sua cota, retirada pela metade.
- Não! Não saia ainda...
- Er... tudo bem. Eu fico esperando no banheiro... – E mais uma vez, fui bloqueado por ela.
- Só fique de costas, tá?
- Mas... por quê?
- Eu quero você por perto agora. Quero saber que posso segurar na sua mão se eu voltar a chorar. Por favor!
- Tudo bem... – Mesmo com esse motivo... bem, isso é meio estranho, não é? Imaginem se ela tem uma “recaída” na metade do caminho? Haha...
- Eu confio em você. Sei que não vai olhar, não é? – É verdade que não vou trair a confiança dela... mas esse não é o caso. Por falar nisso, por que ela está trocando de roupa? Decidi guardar essa pergunta para quando ela tivesse terminado.
Nenhuma palavra mais foi necessária, eu havia concordo com um aceno da cabeça. Após ela ter me pedido para virar, obedeci. Durante todo aquele tempo, pareceu que tudo havia parado. Tudo que eu conseguia ouvir era som de roupas sendo derrubadas no piso, enquanto ouvia o som de seus passos andando pelo mesmo chão, talvez para pegar uma peça de roupa que faltou. Houve vários sons que me fizeram ficar, na verdade, perturbado. Mas por fim, o último: o fechar do Ziper da blusa de sua classe da Diva.
- Pronto, terminei. – Me virei de volta, e contemplei sua beleza radiante com aquele conjunto. Estava simplesmente magnífica, e eu considerava aquela uma das roupas que melhor combinava com ela.
- Está tudo bem agora?
- Sim, acho que sim. Mas não saia! Quero que você continue comigo por mais tempo.
- Por mim tudo bem. Mas, por que trocar de roupa?
- A cota Musa aperta demais, precisava de algo mais leve.
- Certo... – Soltei um longo suspiro, Amy pareceu ter se perguntado se havia dito algo errado, mas não ousou mover seus lábios, apenas segurou na minha mão e me olhou de um jeito... que me dava pena. Ela parecia em problemas, e ela demonstrava carência. Ugh... – Eu sou todo ouvidos.
Amy esboçou um leve sorriso, e me puxou de volta até a cama. Dessa vez, ao invés de ficarmos deitados, nos sentamos e fitamos nossos joelhos por alguns instantes. Estávamos os dois sem jeito, se bem que ela que deveria falar primeiro, não é? Afinal, ela que me pediu para ficar – Não que eu fosse embora sem ouvir uma explicação de qualquer jeito.
- Bem... é melhor eu te contar tudo mesmo. – Ela se aproximou de mim, levantando seu corpo e sentando-se novamente bem ao meu lado, o suficiente para que nossas pernas se tocassem, e isso fez um calafrio intenso percorrer meu corpo. Eu ainda não estava acostumado com todo esse afeto, tudo muito repentino. Mas eu estava adorando, isso com certeza. – Eu estava indo para meu quarto com o Jin, quando ele disse que ia praticar com o Sieghart, daí nos separamos. Ryan e Dio estavam por perto, e o Ryan tinha vindo falar comigo. Então... ele se declarou para mim.
“Então o que Dio havia dito era verdade.” Pensei. O desconforto que meu ouvido escutou foi mais do que o suficiente para que meu corpo ignorasse o calafrio. Mais um suspiro foi liberado, e mais uma vez Amy estava com uma expressão de que não havia entendido o motivo do meu ato. Pedi para que ela me ignorasse e prosseguisse.
- Bem... daí em diante, é uma história de muito tempo atrás... – Senti que ela estava para voltar a chorar mais um pouco, mas parece que consegui impedir isso ao segurar a mão dela, que estava por sua coxa. Agradeceu, e segurou meu pulso com força. – Não sei como posso dizer isso assim... Nem Jin sabe!
- Amy... iria adorar se eu pudesse ser a primeira pessoa a ouvir sua história. Também estou preocupado com você. Como posso te ajudar, sem ficar a par da situação, não é? – Forcei um riso como uma tentativa de conseguir tirar um dela também, e eu havia conseguido. Precisava animá-la.
- Certo. Você conseguiu me convencer! – Riu novamente, parece que estava tudo bem agora. – Tudo começou há oito anos atrás, quando eu tinha apenas sete...
~~~
Eu vivia em Xenia, junto com todas as minhas companheiras Dançarinas, Musas, Divas e Sistinas. Todas nós vivíamos em paz e harmonia. As mais velhas gostavam de brincar com as garotas que um dia se tornariam Dançarinas, isso incluía a mim, estava quase pronta pra poder ser como minhas amigas! Todas eram como irmãs inseparáveis, prezavam umas pelas outras, era um verdadeiro um por todos e todos por um. Eu morava em uma igreja junto com a Sacerdotisa Zia, uma doce senhora que cuidava de mim e de todas as garotas que estavam sob o mesmo teto. Ela era extremamente fiel com os deuses, e disse que dedicava sua vida para eles, o que eu na verdade não gostava tanto assim; irmã Katarina, a quem eu considerava a melhor das minhas melhores amigas! Na época ela tinha dezessete anos. Apesar de não ser uma crente e não ter ligação nenhuma com a igreja, ela fazia questão de usar uma roupa de freira em troca de poder ser mais uma ajuda para os pequenos; Zeal e Abelard, os missionários. Dois homens de idades similares, na fronteira dos vinte e dois que eram extremamente respeitados, gentis e sempre brincavam e davam atenção às crianças. Apesar de sempre saírem da igreja para espalhar a palavra dos deuses, não ficavam fora por muito tempo. O máximo de tempo que ficaram fora foi uma semana, e sempre que voltavam traziam brinquedos e materiais de educação. A igreja também servia como um orfanato, isso explicava a grande quantidade de crianças. Em troca de abrigo, comida e amor, todos deveriam crescer sob os ensinamentos da Sacerdotisa; e isso claro não era problema.
Lembro-me que no final de um longo dia de escola, a Irmã Katarina sempre me procurava para podermos conversar. Mesmo nos vendo todos os dias, sempre pareceu se passara semanas desde o nosso último encontrar de olhos, ficávamos tão animadas de ver uma a outra! Nossas conversas tinham vários assuntos, quase nunca acabavam! Eu mesmo ficava impressionada, pois não era de conversar muito com os outros — apesar de sempre receptiva se alguém me chamava.
- E então Amy, o que pretende fazer quando crescer? Vai seguir a vida religiosa? – Ela me perguntou em um dos dias em que estávamos sentadas em um banco do lado de fora da igreja. O vento por lá quase nunca era forte, mas era frio de verdade. A Sacerdotisa Zia me ensinou que os poderes de todos os deuses sempre ficavam balanceados, e isso impedia mudanças drásticas – por vezes até desastrosas – de acontecer. Esses poderes são as essências. Os cabelos longos e negros de Katarina balançavam de forma fraca e gentil. Isso algumas vezes me incomodava, pois ela se sentava na direção contrária ao vento, ou seja, sempre batia na minha cara quando hora ou outra o vento decidia exagerar um pouco! Seus olhos castanhos eram parecidos com os meus, coisa que eu gostava quando eu a olhava. Pensava que éramos da mesma família, coisa de criança, sabe?
- Hn... eu gosto muito da Zia! – Eu balançava meu corpo para os lados. – Mas acho que não quero ficar minha vida adorando os deuses. Quero dizer, sou muito grata por eles terem feito Xenia e a terem deixado tão bela! Tanto que com qualquer problema, eles podem contar comigo! – Eu estava cheio de garra, mas fiquei sem jeito quando Katarina riu do meu lado. Ela acreditava que os deuses eram uma forma de vida milhões de vezes superior a nossa, e que não teríamos como ajudar em seus deveres. Claro que atuelmente já conseguimos provar o contrário.
- Ei Amy, sabe o Zeal? – Confirmei com um som da boca e perguntei porque ela o trouxe na nossa conversa. Tínhamos combinado que não falaríamos de garotos, eu os odiava na época. (Na época...)
Ela se desculpou com um juntar das mãos e um olho fechado, mas ela disse que precisava da minha opinião, e que era de extrema importância. Eu a perdoei, e ela prosseguiu.
- O que você iria achar se eu... como eu posso dizer... vivesse com ele?
- Viver? Você quer dizer, morar?
- Ah! Não exatamente... se nós dois passássemos mais tempo... É algo que pode ser mais íntimo do que melhores amigas!
- O quê? Quer dizer que você vai colocá-lo acima de mim!?
- Não! Não! Ele apenas seria mais valorizado por mim, porque eu gosto muito dele! Isso não iria te afetar!
- Bem... não sei como você consegue gostar de garotos, eles são tão diferentes! Ainda bem que são minoria por aqui. Mas é verdade que Zeal é uma ótima pessoa... assim como Abelard... Mas! Já que isso não vai alterar na nossa amizade, porque não? Se é algo que você gosta, então deveria tentar, não é?
- É... Acho que sim. Obrigada, Amy.
- De nada! – Eu abri um largo sorriso para ela, e ela para mim. Depois de um tempo, descobri que aquilo que ela queria dizer com viver com Zeal seria namorar. Não entendi no começo, mas consegui ter uma noção. E parece que era verdade, nosso relacionamento não piorou mesmo com ela namorando o missionário; continuávamos queridas amigas, com o mesmo nível de intimidade. Sempre que as Musas do vilarejo marcavam um concerto, ou as Divas um grande show de luzes – Algo realmente incrível, fiquei fascinada quando vi pela primeira vez, e nunca mais enjoei -, ou até mesmo um simples encontro com Katarina, nós sempre julgávamos a roupa uma da outra. Se uma não gostasse, não poderia usar ela! Apesar de que as vezes ela me deixava ir com alguma que ela não gostava, pois eu detestaria perder o show das Divas. Algumas vezes, quando ela levava Zeal junto para nossos encontros, eu me sentia incomodada, e eu não podia ter minhas conversas particulares com ela. Mesmo assim, eu sabia que não era culpa de nenhum dos dois. Mas, o que eu podia fazer?
Katarina e Zeal ficaram uma semana namorando, até os problemas começarem.
- Amy... podemos ter uma conversinha? – Katarina me acordou. Era algo como uma da manhã, eu havia sido acordada no meio de um doce sonho. De começo eu estava irritada, mas logo percebi o peso daquela conversa.
- Eh? Abelard? – Perguntei. Ela havia confirmado. Katarina me disse que Abelard havia se declarado para ela, mesmo com ela já namorando o outro missionário. – Não pode namorar com os dois?
- Não é assim que namorar funciona. Vou te dar um exemplo: você acha que alguma outra garota poderia me substituir?
- Nunca!! – Dei a resposta com prontidão, era claro! – Certo, entendi onde você quer chegar!
- A verdade é que... Abelard também é uma pessoa que eu gosto... mas eu não sei se é tanto a ponto dele ser meu namorado! Além do mais, eu iria ferir ou um ou outro com uma resposta...
- Não tem um deles que você goste mais? – Ela disse que não, estava em dúvida. Disse também que se Abelard tivesse proposto mais cedo do que Zeal, ela também teria dito sim. Era realmente um problemão. – Isso é difícil demais de decidir!
- É, não é? – Suspirou, abaixando sua cabeça. Como ela parecia desanimada, eu levantei sua cabeça com minhas próprias mãos e pedi para ela não perder as esperanças! Os deuses iriam ajudá-la! Katarina riu um pouco, quem estava falando da ajuda dos deuses era uma criança que não era exatamente uma grande seguidora dos ensinamentos da Sacerdotisa. Pouco depois me lembrei que ela havia me dito que não era grande fã desses deuses e que não gostava de depender de milagres, talvez eu tenha falado besteira, mas “estava tudo bem” eu pensei.
No dia seguinte, às nove da manhã, eu e todos os meus colegas fomos com a Sacerdotisa Zia para a fronteira nordeste de Xenia, com o intuito de familiarizar as crianças com os nativos. Katarina, Abelard e Zeal ficariam na igreja, arrumando tudo. As Sistinas e os nativos possuem uma amizade de longa data, tudo isso graças à primeira Sistina que os convenceu de nossas boas intenções. Desde centenas de anos atrás, dezenas de crianças fazem uma excursão todo ano até lá. Não haviam só crianças da igreja na nossa caminhada, as que ainda tinham suas famílias também se encontravam. A líder do nosso vilarejo e a Sacerdotisa são as responsáveis por todas, e ninguém ousava se separar! A caminhada foi longa, e tudo que eu conseguia ouvir eram os pequenos reclamando, se bem que eu não posso me excluir dessa lista! Alguns festejaram quando viram os guardiões Octus e Lenacien à distância. Essa excursão era preparada uma vez a cada cinco anos, apenas com crianças entre sete e doze anos, portanto, apenas os que tinham 12 anos sabiam quando iriam finalmente fazer uma pausa.
“Eu serei a próxima a festejar desse jeito?” Pensei, ao perceber que eu tinha sete anos, e que iria repetir toda essa trilha aos doze. Não sabia se era algo bom, mas parecia algo divertido!
Pausa para o almoço. Encontramos algumas comidas exóticas que os nativos estavam acostumados de se alimentar. Por falar nisso, eu achava engraçado como todos eles usavam máscaras, exceto pelos guardiões. Imagino o por quê disso até hoje. Todos nos divertimos por aproximadamente uma hora com o povo da vila que visitamos, enquanto Lenacien e Octus conversavam com Zia e a Sistina. Uma da tarde, pausa de dez minutos para descansar e depois de volta para nossas casas. A trilha foi mais dura para quem não conseguiu se recuperar bem, eu não fiz nada além de conversar sentada com alguns nativos e nativas da minha idade.
A chegada de volta na nossa vila foi cumprimentada com uma grande surpresa vermelha, cor de brasa que se erguia lentamente para o céu, quase imperceptível... a igreja estava em chamas!!
- Katarina!! – Só conseguia pensar nela. Queria correr para entrar em nossa casa e tentar salvá-la, mas fui impedida por uma Musa que estava nas redondezas. A igreja estava rodeada de Sistinas e Musas, as primeiras faziam tudo que estava na capacidade de suas pandoras para apagar o fogo, enquanto que as segundas tocavam uma bela sinfonia para revitalizar o poder das que estavam diminuindo as chamas. A melodia irônica das Musas me fazia derramar lágrimas pequeninas comparadas ao poder das Sistinas, mas minha vontade de salvar Katarina superava a de qualquer uma que estivesse tentando apenas conter o alastramento.
Logo após o incêndio ter sido apagado, a líder Sistina e a Sacerdotisa Zia tiveram uma conversa, e concordaram em levar as crianças para o Templo da Luz. A distância era relativamente mais próxima comparado ao vilarejo dos nativos, mas também seria mais difícil conseguir acesso. Venese, a guardiã do templo, era muito rígida. Fomos ensinados a não nos aproximarmos de lá, nunca. Mas agora, medidas eram necessárias. De qualquer modo, as garotas que entraram na igreja após a contenção do fogo confirmaram que apenas duas vítimas foram encontradas, e eram homens – Com isso, já dá para concluir que são os missionários Zeal e Abelard –, então, o que houve com Katarina? Comecei a ficar esperançosa que ela havia conseguido escapar, mas as respostas não chegariam imediatamente, eu precisava esperar. Não me leve a mal, eu estava triste com a morte dos dois, mas eu estava muito mais preocupada com ela. Apenas a líder Sistina, Zia e o pequeno exército de crianças foram até lá, a líder afirmava que a força não seria a solução para conseguirmos abrigo. Mal chegamos na entrada, já consegui ver um ser de pele morena e armada com uma enorme lâmina dupla, cujas pontas afiadas faziam muitas crianças tremerem - Eu não era uma delas. Confiava na Sacerdotisa, ela iria nos proteger. – Apesar do elmo com um símbolo estranho bloquear a visão dela, conseguiu saber que estávamos nos aproximando, pois olhou para nossa direção. Zia nos pediu para parar de caminhar, e a Sistina continuou até ficar de frente com a guardiã. A conversa entre as duas foi longa, e não pareceu estar indo bem para nosso lado. Quando percebemos, Venese havia levantado sua arma contra nossa líder, chegamos a ficar surpresos com isso, mas ela pareceu parar ao ouvir a voz de uma entidade.
- Venese. – Disse a voz. – Permita as crianças ficarem. Eles tiveram sua única morada destruída e não tem para onde ir.
Com a frase que ouvimos, a guardiã abaixou sua arma e seguiu até a porta do templo, empurrando e a abrindo. O ruído foi grande, apesar da porta parecer estar em perfeitas condições. O lugar era espaçoso e confortável, ouvi a líder Sistina sussurrar um pedido de agradecimento para Venese, que permaneceu calada. Depois virou-se em direção a uma escadaria e as subiu, abandonando seus visitantes para fazerem o que desejarem.
Ficamos ali vários e vários dias até conseguirem restaurar a igreja, o que poderia demorar bastante. Certo dia deixei o templo sozinha, em busca de um lugar calmo para parar e refletir. Depois de alguns minutos caminhando em frente, me deparei com um tronco derrubado no chão, perfeito para sentar. Enquanto que olhando ainda mais para a mesma direção, dava para ter uma grande vista de vários vilarejos, incluindo a minha. Me sentei na madeira, e fiquei ali pensando por alguns minutos. Claro que, tudo que eu conseguia pensar era em Katarina. Não sei se os deuses tinham atendido a meu pedido, mas ela havia acabado de me surpreender, sentando-se ao meu lado!
- Olá, Amy! – Seu vestido estava rasgado na altura dos joelhos, parece que ela cortou de propósito. E seu corpo, além de seu rosto, tinham algumas marcas de queimadura, como na parte de baixo da sua boca que crescia pela diagonal direita, parando apenas ao redor do olho esquerdo dela.
- Katarina! Você tá bem! – Eu fiquei assustada, inclusive me joguei nela, deitando minha cabeça em seu peito.
- Eu não estou exatamente bem, não é? – Ela falou, apontando para todos os seus arranhões e queimaduras.
- Isso não importa! O que importa é que você está viva!
- Hn... Amy, poderia me fazer um favor?
- Sim! Qual?
- Vá na vila. O templo do lado de fora não está em condições tão ruins assim. No vaso de flores à direita da porta, procure um papel. Quero que você leia e guarde ele. Certo?
- Certo, mas por quê?
- É importante, você vai saber quando ler. Ah, quanto mais cedo melhor, se não alguém pode pegar, não é?
- Por que não vamos juntas? – Ela suspirou, e depois olhou para mim tentando fazer com que eu focasse em seu olho direito, pois ele estava normal, se você me entende. Ela continuava prezando pela beleza, como qualquer garota normal.
- Eu tenho outras coisas para fazer agora. E pode levar um tempo para eu terminar, daí eu preciso que você mesma vá ver. Sozinha, tá?
- Unhum, então, já vou indo! Quero ler ele o mais depressa possível e voltar pra você! – Pulei do tronco para o chão, já dando a volta por ele e indo descer a montanha que levava ao vilarejo, quando a mão de Katarina me impediu de ir para longe.
- Ah, deixe-me dizer uma coisa antes! – Ela se aproximou um pouco de mim e ajoelhou-se para ficar da minha altura. – Eu te amo.
Dizendo essas palavras, ela avançou um pouquinho sua cabeça e beijou meu nariz por um tempo, mais ou menos dez segundos. Eu ainda sinto aquele doce toque dos seus lábios na pele, jamais iria esquecer aquele momento tão especial.
- Eu também te amo, Katarina! – Respondi, e devolvi o beijo nela no mesmo lugar, só que por um mísero segundo. Se eu soubesse do que iria acontecer, eu teria feito por muito mais tempo, ou até impedido ela, mas... – Zeal sempre dizia isso para você, significa que estamos namorando?
- Haha, não é assim que funciona, Amy. – Ai! Eu ainda tenho vergonha de ter dito algo como aquilo, mas eu tinha sete anos!! Tá bom!? – Algum dia você vai entender, mas agora vá. Está bem?
- Tá, tchau Katarina! – Eu apenas consegui ver sua boca se mexer enquanto o sol que estava se pondo me permitia ver apenas seu perfil negro. Não entendi o que ela havia dito, mas depois percebi... "Adeus".
Pisei no templo pela primeira vez depois de vários meses, não era um lugar que eu visitava muito. Só gostava de sair para brincar, fazer compras com a Katarina, ou ir aos ótimos shows das Musas e Divas. O vaso da esquerda estava quebrado, com terra espalhado por todos os arredores. Ao olhar no da direita, já consegui avistar o papel dobrado. Peguei e o desdobrei com velocidade, já curiosa com o que poderia estar escrito. Mas ao lê-lo, me arrependi amargamente. Meu mundo havia virado de cabeça para baixo, e eu fiquei muito triste por alguns meses... mesmo com a ajuda de Zia.
~~~
- ... E essa é minha história. – Fiquei um pouco perplexo, nunca pensei que a Amy tivesse um passado tão difícil. Fiquei com pena dela, e puxei seu ombro mais para perto, fazendo com que ela deitasse sua cabeça no meu ombro.
- Me desculpe por tê-la feita se recordar de algo tão doloroso.
- Não não! Não foi você, eu sempre me lembrava isso uma hora ou outra! Então, não é sua culpa! Só que hoje eu não consegui me conter mais, só isso...
- Você já está melhor, não é? – Consegui abrir um sorriso, e ela conseguiu fazer o mesmo e consentiu.
- Sim, graças a você Ronan! – Ela me abraçou novamente só que com mais força ainda, e dessa vez sem molhar minha cota.
- Você ainda tem o papel da Katarina guardado? Eu fiquei curioso. – Ela consentiu. Estava surpreendemente bem escondido, deixe-me explicar passo a passo: primeiro, ela se levantou e foi até o guarda roupa. Segundo, abriu e depois foi até a última gaveta e a puxou. Terceiro, esticou sua mão para o mais fundo possível, e dali parece que abriu algum compartimento especial, pois ouvi um “tlek” vindo de lá. Quarto, ficou vasculhando com a mão por mais alguns segundos, até finalmente desfazer tudo que havia feito, e me trazendo o papel que havia marcado a infância da minha amada. Ela sentou-se ao meu lado, colocou seus pés na cama e deitou sua cabeça sobre os joelhos, enquanto me observava. Comecei a desdobrar o papel, que parecia ter perdido sua cor original e que estava coberto de poeira.
Um minuto foi o suficiente para ler tudo, realmente... quem diria que tudo poderia acabar daquele jeito. Agora sim, eu sinto mais pena dela do que antes. Abaixei a mão esquerda que estava segurando o papel, e com a direita acariciei de leve seus cabelos. Ela parecia estar gostando, pois havia fechado os olhos e fazia uns barulhinhos fofos. Também havia aqui uma observação... mas acho que isso era algo de garota para garota.
- Eu lamento muito, mas, está tudo bem mesmo?
- Sim, eu já disse, você está aqui comigo. Por isso estou gratíssima! Sabe Ronan... – Ela avançou devagar sobre minha face, por um momento, pensei que ela fosse me beijar, e realmente beijou!
No nariz. Haha, surpresos? Eu pensei que não seria tão fácil assim desde o começo. Mas enfim, seus lábios continuaram me tocando por quase dez segundos, e isso deu um calafrio ainda maior, porque eu realmente pensei que ela fosse me beijar. Mas a sensação do toque levemente úmido de sua boca ainda me fez tremer todo, apesar de ter tentado conter isso. E foi difícil aguentar... Quando ela se distanciou, e levemente levantou seus olhos da cama para mim, eu só consegui dizer uma palavra:
- ... Katarina?
- Hehe, sim. – Ela fechou os olhos e sorriu novamente – Sua preocupação comigo, me lembra muito a de Katarina. E eu gosto muito disso em você.
- Amy... – Senti minha face queimar, parece que eu estava corado, mas não tentei esconder. Eu já devia estar assim faz tempo, e de qualquer jeito, por que esconder isso agora? – Será que eu poderia te mostrar um lugar?
- Ah, claro! Vai ser meu agradecimento por ter ficado aqui comigo e ouvido minha história!
- Sim, foi uma história muito longa, eu quase dormi. – Brinquei, e ela havia claramente ficado brava. – Mentira. Sua história é triste, mas demais. Ou então demais, mas triste.
- Haha, obrigada Ronan! Mas então, vamos?
- Imediatamente, minha pequena Amy! – Juntos, corremos o mais rápido que pudemos até a saída do quartel general. Passando do corredor dos quartos femininos, avistamos um Dio que estava estranhando nossa disposição, mas não um estranhamento comum, estava surpreso! Um pouco mais adiante, sem querer quase atropelamos uma pequena Arme, mas conseguimos desviar de última hora. Ao olhar para trás, vi a cara de apavorada que estava, hilária! Enquanto descíamos pelas escadas, Sieghart também fazia o mesmo, só que de seu jeito especial: deslizando pelo corrimão de pé.
- Os dois jovens parecem animados! – Ele falou – Aconteceu algo para que estejam tão dispostos?
- Não!! – Eu e Amy respondemos ao mesmo tempo, rindo um pouco da coincidência, e também de nós mesmos. Nosso último encontro foi Jin, que parecia ao menos curioso para saber onde eu e sua namorada estavam indo. Amy soprou um beijo para ele, mas tudo bem. Decidi ignorar naquele momento. Continuamos nosso caminho, saindo do quartel general.
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Esses dois... O que pensam que estão fazendo? Correndo assim, chamando a atenção de todos... Pelo visto cobrir os dois será um problema. Um que eu não deveria me meter, mas, vamos lá. Eu estava a direita do portão, ainda dentro do quartel. Parece que os dois não me perceberam, mas o ruim é que Jin sim. Sua curiosidade pareceu ser atiçada ao ver os dois correndo tão rapidamente, e já estava para segui-los, pois estava acelerando em direção ao portão também.
- Jin. – Chamei a atenção dele, que imediatamente olhou para mim e parou seu preparamento.
- Oi, Lass! – Ele berrou um pouco alto. Posso estar um pouco longe, mas não sou surdo.
- Deixe os dois. Você sabe como Ronan está muito deprimido ultimamente, não é?
- Bem, sim...
- Então deixe os dois em paz. Vá fazer algo que preste para o desenvolvimento da equipe.
- Olha quem fala! – No mesmo instante, curvei um pouco meu corpo para que ele pudesse ver minhas adagas cobertas com a palha dos bonecos. Também peguei um pedaço de bambu, que ele parecia falhar miseravelmente em cortar sempre. Sua face ficou pálida de repente.
- O que disse?
- ... Me desculpe. Eu vou treinar mais um pouco. – Deu de ombros, e voltou a subir a escadaria, deparando-se com um Sieghart que sorria ardentemente para ele, mas simplesmente o ignorou. Foi então que o Gladiador veio na minha direção.
- E então Lass, por quanto tempo mais eu devo continuar calado quanto à temporada de caça ao Ronan em Canaban? – Ele tentou fazer uma piadinha, mas além de não ter graça, não preciso desse tipo de artifício.
- Três dias. A expedição será daqui a dois dias. Depois dela, está livre.
- Ora ora, obrigado~ - Senti uma brisa logo abaixo do meu queixo, mas eu não era bobo. Naquele momento não me movimentei, não com os pés, com os braços, a cabeça, minha expressão... Tudo. Logo depois, era possível ver a arma dele parar muito próximo de mim, mas sem contato. – Mas eu não sou escravo de ninguém.
- Você mesmo perguntou se era para manter segredo.
- Sim sim, mas eu não sou escravo de ninguém~ - Aproveitou para esboçar mais um de seus sorrisos, e guardou sua arma em sua bainha, virando-se para trás e indo em direção à cozinha.
- ... Idiota.
~~~
Haha, eu me sentia tão livre naquele momento! Eu e Amy ríamos enquanto eu a levava até o pequeno Oasis em que eu e Lass estávamos na noite passada. Até demorou um pouco para chegarmos, mas nosso bom humor manteve-se até o final dele.
- Ah, que belo lago! – Falou ao chegarmos. – Foi você que descobriu esse lugar, Ronan?
- Sieghart me mostrou enquanto voávamos por Canaban com meu dragão. – Amy aproveitou para tirar seus calçados e sentou-se na grama para molhar os pés no lago. Parecia estar bem relaxada. Ainda bem, ela realmente está melhor.
- O que você fazia por aqui?
- Nada... – Além de ser espetado pela grama e ter um medo insano de morrer para os soldados do rei de Canaban. – Eu apenas me deitava nessa pedra, e olhava para as estrelas e a lua.
- Ah, deve ser ótimo ver a lua daqui! Pena que ainda está de tarde.
- Amy, posso trazer aquela conversa no seu quarto de volta?
- Sim, claro, o que foi? – Me aproximei dela, tirei também os meus calçados e me sentei na grama, colocando meus pés na água, que estava um tanto morna.
- É por causa de Ryan, Zeal e Abelard que estava chorando, não é? Já que uma segunda pessoa se declarou pra você, como Katarina... – Ela parou para pensar por alguns segundos, mas assentiu com um “sim”. – Não precisa ter medo. Passado é passado, presente é presente.
- Sim, acho que tem razão.
- E também, - Decidi brincar com ela novamente, mas eu podia tirar vantagem também – Katarina te explicou que um namorado é... “um título” que você dá para a pessoa que você mais gosta e este aceita, não é?
- Acho que sim. E... Eu gosto de você... – Estamos chegando em algum lugar. Meu coração estava batendo de modo rápido, mas eu precisava aguentar. Segurei em sua mão, que estava pousada no chão.
- Também gosto de você. Muito. – Nesse momento, ela havia se virado para mim. Seus olhos pareciam enfeitiçados pelos meus, assim como os meus pelos dela. Realmente, era um amor recíproco! Segurei a outra mão dela com a minha que estava disponível e a empurrei levemente sobre a grama. – Amy... Eu te amo.
O tempo parecia ter parado quando eu havia dito isso, e meu coração batia rapidamente e intensamente. Acho que eu conseguia ouvir mais meu coração do que o vento que soprava sobre nós dois. E o suave som do farfalhar das folhas acompanhava a novela que estávamos interpretando, dois atores no ato mais próximo da realidade: ela em si. Depois de dez segundos – que mais pareceram dez minutos -, consegui uma resposta.
- Eu também te amo, Ronan. Eu adoro tanto ter você pertinho de mim, como agora. Quero ficar com você...
Aconteceu. Eu havia me declarado para Amy e fui correspondido. Que sensação intensa era essa? Isso era... felicidade? Lass... essa é uma fruta deliciosa. Você também tem que experimentá-la algum dia; mas hoje, é minha vez. Me aproximei lentamente da face da garota que parecia frágil e indefesa, mas era na verdade muito forte. Tem um passado terrível, e hoje conseguiu superá-lo com um sorriso, mesmo que depois de muito choro. Ela o superou, isso é o suficiente. Seus olhos se fecharam, e eu fechei os meus. E foi nesse momento que senti minha testa na dela, seguido do meu nariz no dela, e finalmente, meus lábios nos dela.
Primeiro, foi apenas um simples toque. Depois, percebi que ela havia relaxado um pouco mais, pois me pressionava de leve, enquanto eu apenas tentava saborear mais daquele momento que eu tanto desejava, deslizando um pouco mais para baixo. Durante isso, seu lábio superior manteve-se fixo, mas o inferior movia-se de acordo com o movimento dos meus, era como se eu estivesse o empurrando para baixo. Nesse momento tentei me aproveitar da situação e deixei minha boca tão aberta quanto a dela, aproveitando um pouco mais desse beijo delicioso. Quando fiz isso, senti sua língua tocar a pontinha da minha, e aquele velho calafrio percorreu todo meu corpo novamente, e parecia que não iria me deixar em paz tão cedo. Em resposta a ela, avancei um pouco mais, tentando explorar todo o delicioso gosto que a língua dela tinha, e ela por sua vez esperou que eu acabasse para morder meu lábio inferior sem usar muita força, que chegou a ser ótimo. E continuamos assim até o anoitecer, em um clima romântico com, não só beijos, como vários amassos e selinhos sob a linda luz do luar que iluminava nossos corpos que apenas desejavam um ao outro naquele momento especial. Nunca, nunca me esquecerei desse dia. Do dia em que Amy finalmente se tornou minha namorada.
Amy... Provavelmente deve ser você que está lendo isso agora Quero que leia atentamente, mas não deixe isso te afetar muito, tá?
A igreja queimou, não foi? Zeal e Abelard estão mortos por causa do incêndio.
A verdade é que... fui eu quem queimou a igreja para os matar
Eu já não aguentava a pressão que eles colocavam em mim
Nós concordamos que isso era muito difícil, não é? Eu deveria ter tempo para pensar...
Mas eles queriam a escolha imediatamente. O que eu pude fazer?
Pedi para eles tomarem uma xícara de chá, e depois eu daria a resposta
Eu coloquei um sonífero no chá dos dois, e já planejava queimar a igreja
Liguei uma vela na mesa, e deixei gás vazar
O fogo se espalhou muito rápido, acabei me queimando. Doi muito, sabia? É melhor ter cuidado com fogo!
Eu estava pensando em morrer também com os dois, mas eu não podia
Não ainda. Eu precisava deixar essa mensagem para você, contando tudo
E também gostaria de te ver de novo, e beijar seu nariz! *Risos*
Não gosto de contar com milagres dos deuses, se é algo impossível normalmente
Parece que no final eu havia feito uma escolha:
Nenhum dos dois, nem a mim mesma.
Me desculpe por ser uma garota fraca Amy, mas sei que você não é
Sei que se você encontrar alguma dificuldade, não irá desistir como eu
E se por acaso enfrentar um triângulo de duas retas como eu
Me diga qual foi sua escolha
Obrigada, eu te amo, Amy!! Beijos!
Katarina
OBS: Não se esqueça da promessa que você fez da pequena Kat, certo!?
Última edição por Paprion em Sex Ago 24, 2012 11:25 pm, editado 5 vez(es) |
| | | .Orion Nv. 0 - Arredores de Serdin
Mensagens : 10 Data de inscrição : 07/07/2012 Idade : 31 Localização : Canabam-Ernas
| Assunto: Re: [Fanfic] O Triângulo de Duas Retas - C4 Sáb Jul 28, 2012 8:43 am | |
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| | | TheDarkBoy Tutor Lupus
Mensagens : 970 Data de inscrição : 03/02/2012 Idade : 25 Localização : Araguaína-TO
| Assunto: Re: [Fanfic] O Triângulo de Duas Retas - C4 Sáb Jul 28, 2012 9:02 am | |
| Eu gostei da 3ª Centelha, a história tá ficando cada vez melhor, Paprion! Poste mais capitulos! |
| | | Kurayami Guilda BlackØrder
Mensagens : 726 Data de inscrição : 03/02/2012 Idade : 28 Localização : Hinamizawa
| Assunto: Re: [Fanfic] O Triângulo de Duas Retas - C4 Sáb Jul 28, 2012 11:05 pm | |
| AIN MEU DEUS a 3 agora a bagaça pega fooogo, omg ta ficando muito irada veei, no começo o Lass foi gódi por ter ajudado o ronan espero q ele se lembre do concelho dele, logo dps de tudo aconteceu isso omg, haaa fic ta ficando perfeita PaP nao para nao *o*o*o**o* |
| | | Paprion Equipe GCPlayers
Mensagens : 66 Data de inscrição : 29/01/2012 Idade : 29
| Assunto: Re: [Fanfic] O Triângulo de Duas Retas - C4 Sex Ago 24, 2012 9:49 pm | |
| Capítulo 4 publicado, sem censuras no fórum! Aproveitem~ |
| | | TheDarkBoy Tutor Lupus
Mensagens : 970 Data de inscrição : 03/02/2012 Idade : 25 Localização : Araguaína-TO
| Assunto: Re: [Fanfic] O Triângulo de Duas Retas - C4 Sex Ago 24, 2012 10:26 pm | |
| Capítulo perfeito, Paprion. Só por curiosidade, esse é o último capítulo ou tem mais? |
| | | Paprion Equipe GCPlayers
Mensagens : 66 Data de inscrição : 29/01/2012 Idade : 29
| Assunto: Re: [Fanfic] O Triângulo de Duas Retas - C4 Sex Ago 24, 2012 11:11 pm | |
| A fanfic ainda não está acabada, mas está pronta até o capítulo 9. Depois do capítulo nove, será possível escolher um entre quatro ou cinco finais. |
| | | Luminnus Tutor Fanfic
Mensagens : 539 Data de inscrição : 18/02/2012 Idade : 29
| Assunto: Re: [Fanfic] O Triângulo de Duas Retas - C4 Sáb Ago 25, 2012 9:58 am | |
| OMG, quarta centelha simplesmente espetacular. Agora fiquei curioso, pq dps daí, provavelmente as coisas vão mudar pra valer. Curioso também em relação aos finais. Mas só nos resta esperar um pouco para ver no que vai dar. Espero que poste logo logo a quinta centelha. |
| | | Kuran Nv. 0 - Mar de Patusei
Mensagens : 216 Data de inscrição : 03/02/2012 Idade : 27 Localização : Ernas
| Assunto: Re: [Fanfic] O Triângulo de Duas Retas - C4 Dom Ago 26, 2012 1:48 pm | |
| Ai minha Armenis! Amy e Ronan estão juntos. Isso vai dar barraco entre JinXRonan Bem, pelo menos a Amy nao vai queimar nada, pelo menos espero que nao. |
| | | Selath Sagrav Chefe - Amon
Mensagens : 350 Data de inscrição : 04/02/2012 Idade : 29 Localização : PoA, RS
| Assunto: Re: [Fanfic] O Triângulo de Duas Retas - C4 Qui Ago 30, 2012 1:39 pm | |
| Osu! o/ Ufa! Finalmente terminei a quarta centelha kkk A pequena Kat... Imagino se seria a boneca... Adorei Paprion. Você descreve meticulosamente cada detalhe, e eu adoro isso! Da pra saborear, entrar na história e imaginar o momento com tantos detalhes ^^ Acho que é parecido com o meu estilo, mas você está com bem mais prática e experiência ^^ De qualquer forma, adorei até agora, espero as outras 5.
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| Assunto: Re: [Fanfic] O Triângulo de Duas Retas - C4 | |
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| | | | [Fanfic] O Triângulo de Duas Retas - C4 | |
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