— Você tem muita coragem de vir até aqui. — A voz era indiferente em relação a pessoa que a utilizava. Transmitia calor, como a voz de um herói, porém, também podia-se sentir temor, pelo ar de autoridade. — Essa cicatriz... — disse alisando a tenebrosa marca, que iniciava-se perto de sua orelha, e atravessava o nariz, terminando três centímetros ao lado da boca. — Hoje, farei uma marca semelhante a esta no seu corpo. — As palavras eram amedrontadoras, o sentimento transmitido era o mesmo.
Aquele lugar parecia ter sido um templo, supostamente para o deus Kriton, mestre do Sol na cultura do este. Naquele dia, encontrava-se em total ruína — o teto estava aberto, paredes incompletas, e bastante poeira. Somente a estátua homenageando a divindade permanecia intacta.
A lua — diversas vezes ocultada pela rápida passagem de nuvens — iluminava a cena, focando as faces do encapuzado, que só podia ter metade vista, pois uma sombra era projetada pelo tecido que cobria sua cabeça, e do homem de mechas negras. Era possível notar dois orbes brilhantes e prateados na escuridão, observavam os acontecimentos, tal como corujas.
— É aqui que teremos nossa batalha final? — Abaixou o capuz, revelando longos cabelos azulados. O outro homem piscou lentamente, assentindo, e logo sacou sua arma dourada.
A alma dos poderes se rebelaram: na retaguarda do invasor, a dama azul, enquanto na retaguarda do outro guerreiro, o espírito do Sol.