Minha cabeça girava. Não sabia o que pensar. Eu simplesmente não sabia o que fazer. Aquelas palavras que eu lia vindas do monitor do meu computador só me faziam piorar, a música ao fundo era animada, eu sabia a letra, eu estava cantando junto, mas não parecia ser a mesma coisa.
O tempo passava.
A música tinha acabado e eu ainda não tinha me animado.
Eu havia feito tudo que achava ser certo, fiz tudo do jeito que quis fazer, mas no fim, vi que tudo aquilo não era nada do que eu queria. Tudo que eu queria era voltar ao passado e não ter feito nada daquilo.
O que eu fiz?... Nem eu mesmo sei direito, só sei que fiz.
Acho que isso está muito confuso, hora de algumas explicações.

Já faziam 2 meses que eu conversava com ela, Lídia é seu nome, ela tem pele branca e cabelos loiros muito claros, em torno de 1,75 cm e belos olhos... aqueles olhos, que belos olhos... eram castanhos claros, tão normais quanto qualquer outro e tão diferentes de qualquer outro. Ela transmitia tudo que sentia por aqueles olhos, desde dor até felicidade, era visível apenas olhando no fundo de seus olhos, e era assim que eu vi as emoções dela através das fotos que ela me passava. Sim, eu nunca tinha visto pessoalmente, nem em vídeo, apenas fotos. Mas eu conseguia sentir tudo que estava acontecendo no momento da fotografia só de olhar para aqueles lindos olhos castanhos claro. E não era a unica coisa que me chamava atenção em seu lindo rosto angelical. A boca parecia desenhada a mão de um grande artista...

De repente enquanto a descrevia, e lembrava daquele lindo rosto, uma nova musica começava a tocar, eu sabia a letra também e comecei a cantar junto, porém dessa vez a letra não era das melhores para o momento, o ritmo menos ainda, a música me fazia lembrar da briga que tivemos há 2 dias... Se arrependimento matasse, eu estaria apenas o pó...

Onde estava? Ah sim... Aquela boca meiga e delicada... era perfeitamente bonita, simples assim. Seu rosto todo era perfeito e eu vivia me perguntando se algum dia eu conseguiria aproximar o meu ao dela, nem que apenas nos encarássemos... claro, eu gostaria de poder beija-la, mas me contentaria apenas com um vago olhar daqueles olhos tão expressivos e penetrantes, tão próximos dos meus quanto estariam se isso realmente acontecesse...

Uma chamada pulou na minha tela, a imagem e o nome de quem estava ligando para mim ainda não tinham carregado, meu coração parou. Poderia ser ela? Mesmo depois de tudo, ela estaria me ligando?
Então o nome e imagem carregaram...

A música do fundo era melancólica, falava sobre outras musicas, sobre músicas românticas serem uma droga, só que a música era romântica, ou quase...
De qualquer jeito aquilo me fez lembrar Lídia... e sua doce boca. Será que já disse o quanto aquela boca é delicada e bonita? Se já disse... dane-se, é realmente uma linda boca, quando olho praquela boca me lembro daquele quadro, da Mona Lisa, com seu sorriso indecifrável, era quase igual, ou não... a questão é que olhar a boca de Lídia pelas fotos era estranho, ela parecia entrar em contradição com os olhos, ela mudava de expressão toda vez que eu a via, parecia feliz, depois chateada, logo em seguida animada... eu não conseguia decifra-la tão facilmente quanto seus olhos...

A música mudara de novo, me fez lembrar da chamada mais cedo... Aquela que eu citara antes... quem me chamava era um amigo, ele estava apenas querendo testar seu microfone comigo... patético não acham? mas quase me fez ter um treco pensando que era Lídia... eu acho que ainda mantia esperanças de conseguir falar com ela de novo, e o mais breve possível... ouvir de novo aquela doce voz...

A música mudou de novo... eu gostava dessa, muito, ela estava me empolgando, comecei a lembrar de coisas boas, me lembrei de uma conferencia em especial... Era entre eu, Lídia e um grande amigo meu, não há muito o que dizer sobre ele, acho que posso colocar as ênfases dele em sua safadeza e fascinação por yaois incestos... um pouco pervertido, mas engraçado ver como ele tratava aquilo como tão natural, na verdade, aquilo chegou a se tornar natural pra mim também, pode se dizer que foi a convivência, mas com o tempo eu já não via tanta malicia naquilo tudo... talvez eu seja um pouco ingenuo demais para isso tudo, ou talvez tenha uma mente muito aberta, mas relações gays e lésbicas eram tão normais para mim, eu achava fofo, simples assim... Lídia não vi assim... acho que era algo de família, mas, mesmo apesar de secretamente alimentar alguns amores lésbicos, ela não gostava de ver esse tipo de relacionamento por ai, acho que talvez porque a família dela proibisse... não sei ao certo...

Agora quem cantava era Adele... a voz da cantora me fez lembrar a linda e suave voz de Lídia... podia não ser igual, mas eu me lembrei da voz dela do mesmo jeito. É complicado tentar explicar sua voz... ela é doce e um pouco grave, parece algo como uma voz sofrida, parecia ordenar por minha atenção quando falava comigo... Porém o que eu gostava na voz dela era quando ela me chamava... Não sei ao certo, mas o timbre mudava, o tom mudava, tudo mudava... era uma voz suave e pedindo, ou melhor, suplicando por atenção... muito contraria a sua voz normal...

Então a música parou... fechei o link da radio e abri o youtube... resolvi sofrer brutalmente agora, coloquei Grenade de Bruno Mars para tocar e comecei a me lembrar da briga. Acho que ainda não contei da briga não é mesmo? Então vamos lá...

Estávamos conversando, a sós, falando sobre bobagens, quando ela começou a falar do seu ficante... Eu não gostava dele, ele parecia não se importar com ela, já havia dito isso para ela, mas ela me ignorou, simples assim. Quando ela começou a falar dele, eu bufei, não queria ouvir... ela percebeu, não ficou muito feliz, tanto porque ela adorava me contar tudo, mesmo que eu não gostasse, ela queria que eu a ouvisse... Começamos a discutir... eu gostava MUITO dela, ainda gosto... mas nunca havia dito, na fervura do momento acabei soltando a verdade... Mas a reação dela não foi a que eu esperava...
Tudo que ela fez foi...

Eu não queria ter que continuar a estória... dói lembrar de tudo... mas acho que assim será melhor...
Eu havia dito a ela que a amava, não sabia direito qual seria a reação dela, mas esperava algo como um fora gentil ou até algo um pouco melhor, mas o que recebi me pegou de jeito... não tive reação...
Tudo que ela fez foi desligar na minha cara... simples assim... eu fiquei sem reação... não sabia se aquilo era bom ou ruim... ou até pior... comecei a me sentir mal, não sabia o que fazer... então uma ligação começou a apitar em meu monitor, era de Lídia... tenho que assumir, gelei e me senti vivo ao mesmo tempo. Eu atendi. Ela estava chorando, começou a falar, soluçando... eu me entristeci só de ouvi-la... a fala dela estava confusa, alias, ela sempre foi uma pessoa confusa... Mas ela parecia mais que o normal... ela confessou a mim... confessou que estava em duvida e que a minha declaração ia obriga-la a fazer uma escolha que ela não pretendia ter que fazer. Ela estava falando de mim e do outro rapaz... ela confessou que já estava apaixonada por mim, porém também por ele, só não conseguia se decidir, e como ele era da cidade dela e estava ali já, ela acabou ficando com ele na esperança que nada acontecesse entre nós e ela pudesse se apaixonar inteiramente pelo outro... fiquei chocado.

Já faz no minimo 2 horas que estou apenas na estrofe acima... Me distrai com muita coisa, principalmente as músicas... parecem que ficam mais românticas quando a gente ta apaixonado... até mesmo as que não tem muito a ver com isso tudo... Eu havia religado na rádio... acabei de desligar... voltei pro Grenade, não sei se isso é bom ou pior ainda, mas eu estou me identificando tanto com essa música...
E de repente uma súbita vontade de ouvir algo mais animado passou por todo meu corpo... talvez música coreana... talvez 2NE1...
A música começou, mas não sei se foi minha melhor escolha... ouvíamos essa música juntos de vez em quando para nos distrairmos e rirmos juntos... O que me lembrou de quando eu estava nervoso, foi o mesmo dia que a conheci...

Eu acabara de brigar com meus amigos e estava em crise... precisava desabafar... pode parecer estranho, mas eu sou uma pessoa sensível e sentimental, simples assim... sou assim... resolvi ir até a chat... sem muita esperanças claro, quando cheguei tudo que encontrei foi o mesmo povo de sempre, Kurayami, Colors, SoulKiller, Wendell... sempre os mesmos sem vidas de sempre... fiquei lá por um tempo, distrai minha cabeça com tudo que acontecia por lá... As horas passaram voando, precisa sair... me despedi de todos, então fui checar o jogo que ainda estava aberto, tinha esquecido minha conta aberta em uma sala... eu devia estar lá desde quando fui para a chat, quando fui desligar apareceu um usuário, entrou e deu Ok, esperando que eu começasse o jogo... resolvi avisar que estava de saída, foi então quando a pessoa pediu para me adicionar porque gostaria de jogar contra mim no dia seguinte... achei estranho porém não recusei, só iria reparar "Feminino" escrito nos status do usuário no dia seguinte, quando fui checar a diferença de poder entre nossos personagens...
A luta foi intensa e divertida, no fim ela perguntou se não gostaria de fazer dupla com ela, já que o antigo não entrava mais... aceitei sem exitar... trocamos skype, e foi assim que tudo começou... uma das primeiras coisas que conversamos sobre na nossa primeira conferencia foi músicas... percebi que ela tinha um gosto bem variado, assim como o meu... e foi assim que tudo começou... ela me acolheu, me ajudou... eu desabafei tudo que podia com ela, e ela pareceu bem receptiva... ao fim ela só me disse uma coisa: "Não se preocupe com amizades iguais aquelas, elas são falsas, agora você tem a mim."

Agora Wide awake está tocando... e eu começo a me lembrar mais uma vez da briga...
Eu fiquei chocado... não sabia o que dizer... foi então que ela me disse "Acho melhor deixarmos como está... eu já estou de rolo com ele... nós nunca daríamos certo..."
Explodi... não consegui me controlar foi então que eu...

Estou me sentindo leve, parece que escrever está me fazendo bem... não sei porque tornar publico meus sentimentos pode me fazer tão bem...
Parece que só porque comecei a escrever a rádio resolveu sincronizar com meus sofrimentos... Acabei de sintonizar e já começou com Adele. Eu acho que já havia dito antes, a voz da Adele me lembra a voz de Lídia... não são nem um pouco parecidas, mas uma me lembra a outra. Eu pretendia continuar escrevendo sobre a briga e terminar logo com isso, porém lembrar assim repentinamente de Lídia pode ter acabado com meus planos. Comecei a lembrar das nossas conversas, de antes de todo esse rolo. Eram conversas simples, pareciam mais felizes, nós tínhamos problemas naquela época também, porém eles pareciam se resolver sozinhos, apenas eu estar ao lado dela já bastava para acabar com todo e qualquer problema.
Uma vez me lembro que ela estava querendo se suicidar... foi barra pesada. Demorei horas para convence-la a parar de pensar aquelas besteiras, ela chorava na chamada, realmente não queria mais viver, não sei se fui eu quem a convenceu ou outro alguém por mensagens ou outro meio... Mas ela havia desistido, foi pegar alguns calmantes, quando voltou me disse que estava tomando vodka para esquecer dos problemas. Sempre fui bom em química, e sabia que misturar remédios com álcool poderia mata-la, meu sangue gelou e comecei a gritar para ela, ela parecia não entender, talvez não soubesse, assim que expliquei tudo a ela, ela tentou me acalmar dizendo que ia ficar bem e que estava melhor. Então ela começou a falar estranho. Sua fala não fazia sentido. Comecei a suplicar para que ela chamasse por ajuda o mais rápido possível, ela continuava dizendo que estava bem. Acho que ela se cansou de escutar eu brigando com ela para que ela chamasse ajuda e desligou, continuamos por mensagens. Ela estava escrevendo muito errado. Foi então que ela se deu conta que não estava bem... ela tentou porém mal conseguia escrever "Não estou bem". Passei a noite inteira e o dia seguinte todo mal, pensando o que poderia ter acontecido com ela. Quando consegui falar com ela, me senti tão leve quanto agora. Acho que já não estou mais tão leve... Lembrar dela parece ter feito toda aquela dor voltar.

Tive que tomar um ar... Chequei o Twitter, Facebook e ChatBox... não havia nada de mais em nenhum lugar... o jeito era continuar escrevendo. Não sei porque, mas senti vontade de escutar Somebody That I Used To Know... Não preciso nem mencionar quem a música me fez lembrar, acho que a essa altura da estória vocês já devem saber.

Explodi... não consegui me controlar, foi então que eu comecei a gritar com ela, gritei sobre o porque dela não simplesmente seguir o que achava ser melhor para ela ao invés de preferir o mais fácil... Gritei sobre ele não servir para ela... eu parecia tão egoísta, querendo toda ela para mim, eu fui egoísta, eu sou egoísta, pelo menos nesse aspecto. Eu sabia que ele não a faria tão feliz quanto eu poderia fazer... se ele soubesse, não teria deixado ela nesse empasse, já a teria conquistado.
Continuei gritando, ela parecia assustada porém ao mesmo tempo culpada, não queria que ela se sentisse assim, quando dei por mim, parei e refleti por alguns segundos, me desculpei, pedi um tempo para mim... Então ela veio com aquele pedido.
Eu fiquei animado com o que ela pedira para mim, eu em breve estaria...

Coloquei 3 trocas de roupa na mala, entrei no youtube, a música dessa vez pode parecer um tanto sombria, mas eram meus sentimentos enquanto escrevo. Terminei de ajeitar a mala. Sai de casa, me dirigindo à rodoviária de minha cidade. A música saltava na minha cabeça... parecia ter um efeito mais devastador que qualquer outra, e ela nem tinha letra... Assim que cheguei na rodoviária, me dirigi ao balcão da empresa a qual fazia a viagem para a cidade de minha amada. Comprei uma passagem. Era sexta. É sexta. Acho que vocês já conseguem perceber qual foi o pedido de Lídia. Sentei-me em uma das ultimas poltronas, adoro o fundo. Ela queria me ver, pessoalmente. Assim que soube, comecei a preparar minha ida o mais rápido possível. O ônibus já estava saindo. Uma hora e meia até chegar na cidade dela, precisava pegar dois ônibus, fazia escala em Campinas.

Eu estava conversando com Lídia faz 5 minutos... finalmente consegui fazer contato com ela. Ela estava muito magoada comigo, e não tiro a razão dela, agir como eu agi, me admira que ela tenha me dado o direito de falar com ela. Conversamos durante esses cinco minutos. Eu queria uma nova chance, mas nem mesmo eu daria uma nova chance a mim mesmo. Fui frio, baixo, cruel, insensível...

Mudei a música, eu me sentia confuso, talvez realmente esteja... Depois da escala em Campinas prossegui até Americana. Não fui tão bem recepcionado quanto esperava, pelo menos não por todo resto, apenas Lídia me recebeu de um jeito que eu não esperava... para melhor, claro.
As criticas vindas dos meus amigos sobre essa Novela eram boas, isso me inspira a continuar o que já estou fazendo...
A música me soava imponente e profunda...
Lídia me recebeu com um beijo... foi surpreendente, inusitado...
Conversei com um amigo esses dias, eu estava jantando Arroz com Frango na hora, ele estava me chamando para jogar, mas eu não conseguia parar de pensar em Lídia, recusei o convite e voltei a saborear meu Frango...
Essa música me lembrava minha infância, quando eu jogava o jogo a qual ela remete como música Tema... Sempre adorei Zumbis...
Foi o melhor beijo da minha vida... não tive muitos, mas garanto que foi assim tão bom.

Reli o que acabara de escrever, parecia não fazer muito sentido... estaria eu perdendo algo tão precioso assim?

Foram 3 dias na casa da Lídia. Me senti especial por ali, ao contrario da recepção, a família dela era muito legal comigo. Em 3 dias conseguimos brigar 5 vezes sobre ela se decidir entre eu e o outro... Talvez meu erro tenha sido pressiona-la... Fui embora e ela não havia se decidido. Nos 3 dias, mesmo brigando bastante, passamos bastante tempo juntos. Eu gostei de ter tido esse tempo com ela...

Mal cheguei em casa e já estava ligando o Skype, assim que loguei ela me veio com a noticia. Ela havia se decidido...

Eu queria continuar escrevendo... eu vou continuar escrevendo... minha cabeça está muito confusa. Acho que estou começando a ver coisas, ouvir coisas, sentir coisas...
Sentia saudades de minha amada. Eu consegui me entender com ela ontem. Mas parece que há algo fora dos trilhos, tem algo não fazendo sentido...

Ela havia se decidido...
Era comigo que ela queria ficar. Ela me odiava, não queria mais me ver nem pintado de ouro. Ela já estava namorando, não podia ficar comigo, mas queria muito. Ela queria que eu a deixasse em paz. Ela queria um tempo. Ela queria apenas minha amizade. Ela me amava, mas ainda amava o outro. Ela deixaria qualquer um por mim. Ela era uma grande amiga. Ela era meu grande amor. Ela não era ninguém para mim. Ela era tudo para mim.

Não sei como continuar, a parte que para de fazer sentido chegou e nem eu mesmo sei interpreta-la... Eu estou feliz, estava ouvindo uma OST, ela me fazia feliz...

Ela havia se decidido...

Ainda não faz sentido, como ela podia querer ficar comigo, como ela podia querer deixar a todos para ficar comigo, se ela dizia estar namorando e não iria deixar o outro, se ela dizia me odiar...
Acho que tanto vocês quanto eu estamos igualmente confusos... Talvez seja uma boa revisar alguns fatos.

Eu comecei a escrever porque tinha brigado com Lídia. Mas eu não lembro de estar brigado com ela, mas eu lembro da briga, mas eu nem tinha falado com ela naquele dia...
Acho que as cosias já não fazem sentido há algum tempo, mas tempo do que eu podia imaginar...

Como algo tão simples pode se tornar tão complexo?
Não havia segredo algum em entender em Lídia...

Talvez o segredo não fosse entende-la... talvez, o segredo fosse ela...

Consegui me lembrar sua decisão...

Ela havia se decidido, iria ficar comigo. Me contou que assim que saiu foi falar com o outro, que eu já não gostava antes, não apenas por eu amar a Lídia, mas porque ele não sabia faze-la feliz, e essa confirmação veio nas palavras de Lídia sobre a conversa dela com ele. Ele estava bravo com ela, ele havia feito um convite para ela ir dormir fora com ele, obvio que ele queria leva-la para a cama. Ela percebeu isso e rejeitou o convite. Ela me disse que ele pirou. Começou a xinga-la, dizendo sobre tudo que ele tinha feito por ela e ela não podia apenas fazer isso por ele. Lídia é jovem, não está preparada para esse tipo coisa, sei muito bem, ela é doce e inocente.

Ela é?... Ela é pervertida e sensual. Ela é doce e inocente. Ela é safada e carente. Ela é misteriosa e envolvente. Minha cabeça começa a se confundir de novo. É como se eu simplesmente esquecesse quem é Lídia. Não soubesse defini-la. Não soubesse quem ela é...

Quem ela é...

É isso... a incógnita que eu procurava decifrar. Já não sabia mais quem era Lídia... Espere, como assim?
Eu não sei mais quem é Lídia?

Uma vez um grande amigo meu, cuja amizade já dura mais de 14 anos, me falou sobre quando esquecemos de alguém, desse mesmo jeito, porém ele me disse que isso ocorria quando agíamos estranho e esquecíamos de quem realmente eramos, o fato de mudarmos porém mantermos os mesmos objetivos fazia isso com a gente. Nos perdíamos em nossos próprios sonhos e objetivos porque mudamos o foco da nossa personalidade. As palavras do Vinícius pareciam fazer tanto sentido agora... Mas será que eu não sei quem é Lídia ou não sei quem eu mesmo sou?

Quem eu sou? Quem é Lídia?

Minha cabeça girava. Não sabia o que pensar. Eu simplesmente não sabia o que fazer. Estaria eu perdendo algo tão precioso?
Estaria eu perdendo minha sanidade?

Lídia havia me escolhido. Iriamos ficar juntos para todo sempre.
Foi então que eu comecei a escrever toda essa história...

Minha mente está em colapso.
Primeiro preciso me desculpar a todos os leitores pela demora, mas a semana foi realmente muito difícil, muito confusa. Lídia veio aqui em casa.

Estava jogando freneticamente quando a campainha tocou, como estava sozinho em casa tive de ir atender a porta. Fui correndo para tentar não perder muita coisa no jogo. Assim que abri a janelinha da minha porta da garagem, não consegui acreditar no que via, era Lídia. Estava parada na frente do meu portão, uma mala no chão e um bolsa na mão, estava olhando para mim com seu lindo rosto sereno, tinha uma expressão de felicidade contida. Fiquei paralisado, não sabia o que fazer, não sabia o que pensar.
Ela inclinou um pouco sua cabeça, abriu um leve sorriso e perguntou se eu iria ficar só olhando para ela ou iria recepciona-la. Sai do transi e corri até o portão. Abri o portão e ela saltou em cima de mim, me abraçando. Cambaleie para trás, abracei-a fortemente. Ela começou ir para trás, porém com seu corpo ainda colado ao meu. Passou as mãos em meu rosto, meu coração disparou, ela olhava em meus olhos e eu retribuía o olhar. Passei a mão no rosto dela, colocando o cabelo dela atras da orelha. Aproximei minha boca a dela, fiquei perto suficiente para conseguir escutar sua respiração acelerada, porém não prossegui. Ela terminou o que eu comecei, os poucos centímetros que separavam nossos lábios agora eram inexistentes. Nos beijamos intensamente. Senti todo calor de seu corpo junto ao meu. Ao fim ela se distanciou, com os olhos em mim, mordeu o canto da boca e abriu um leve sorriso. Peguei sua mala e entramos em casa.
Ao entrarmos no meu quarto eu logo vi que havia perdido a partida... pouco me importava agora. Ela sentou em minha cama, coloquei a mala perto da sapateira. Sentei ao lado dela. Perguntei o que ela fazia por aqui e por que não havia me avisa que viria. Ela nada respondeu, apenas me puxou pelo colarinho enquanto deitava na minha cama, aproximando sua boca da minha, começamos a nos beijar de novo. Ela começou a tirar minha camiseta enquanto eu fazia o mesmo com ela. Comecei a dar pequenos beijos e chupões em seu pescoço, ela cravava as unhas em minhas costas enquanto me abraça mais fortemente.
De repente ouvi o barulho do portão, meus pais haviam chegado. Fiz com que ela vestisse a camisa enquanto eu vestia a minha e me dirigia a sala junto a ela.
Assim que meus pais entraram eu disse que havia visitas e disse quem era.

E foi assim que minha mente pirou.

Eles me olharam abismados. Eu me perguntava o por que daquilo, então me voltei a Lídia, porém ela não estava ali, então fui até meu quarto. Quando cheguei lá, não havia ninguém, nem mesmo a mala dela estava lá. Há apenas um jeito de entrar ou sair dessa casa e é passando pela garagem. Não entendia a situação, será que ela havia se escondido por medo dos meus pais? Não... muito pouco provável. Então onde Lídia tinha ido? Resolvi ligar no celular dela. Disquei os números, estava tocando. senti uma vibração vinda do meu bolso. Era meu celular. Pelo numero dizia que eu estava ligando de casa para meu próprio celular. Eu tinha certeza que estava ligando pra Lídia. Corri até meu quarto, entrei no Skype, comecei a procura-la. Não havia nenhum contato com o nome Lídia...

Fiquei sem entender nada. Então tudo começou a clarear na minha mente...

Lídia não existe, nunca existiu... Pela primeira vez em semanas eu consegui tirar uma conclusão exata sobre Lídia.
Minha mente estava confusa, minha mente está confusa. Como pude enganar a mim mesmo por tanto tempo, como poderia ter sentindo algo tão real por alguém que não existe?
Aqueles belos olhos castanhos claros, tão normais quanto qualquer outro e tão diferentes de qualquer outro. Agora entendia porque sempre sabia o que ela sentia.
Aquela boca meiga e delicada perfeitamente bonita. Agora entendo porque sempre parecia contradizer os olhos.
Aquela doce e um pouco grave voz que parecia sofrida. Agora entendo porque ordenava por minha atenção.

Realmente tudo isso fora como em um romance... foi romântico demais até para ser real. Então só me restava uma coisa a fazer... enquanto termino essa história boa parte do veneno já corre pelo meu corpo, me sinto um pouco tonto e fraco, mas a dose mortal só será tomada ao fim...

E esse é o fim... Lídia sempre esteve comigo. Morrerá comigo. Morreremos juntos, como um só... somos um só...

O bater do coração podia ser escutado, cada vez mais fraco, cada vez menos vivo...
Os olhos se fechavam vagarosamente...
Um leve sorriso de canto e um ultimo suspiro...
Uma descarga de adrenalina e os olhos se abriram, Lídia estava deitada em cima dele, morrendo com ele...
Um ultimo beijo dele foi dado a ela, um adeus sussurrado e um
"Lídia, eu te amo..."

Gostaria de agradecer a Ana Xisde (murderaq) por ter me ajudado a melhorar com suas criticas (rsrs), a todos meus amigos que se dispuseram a ler e a todos que leram a fic...
Também gostaria de dedicar a fic a Pillow, Nyna, AmyImpact e a Bárbara...

Por que ela continua me ignorando? Ela sabe que eu a amo mais que tudo nesse mundo, então por que fingir que não existo? Será que ela não me ama mais? Depois de tudo que passamos esse é o novo fim da história então? Ao menos Lídia sabe me consolar muito bem. Ela está me abraçando por trás, ela realmente sabe me agradar, e mesmo que não seja real, ela me faz sentir bem. Mas mesmo assim ainda dói muito. Mais do que aquele veneno.
Sempre esqueço que devo começar explicando o que aconteceu do que apenas comentando sobre o que estou sentindo... Então vamos de volta ao inicio...

Havia voltado do hospital fazia 2 ou 3 semanas, não me lembro ao certo. Aquele incidente com o veneno não foi suficiente para me matar, talvez tivesse sido se eu não fosse socorrido a tempo, o que importa agora é que eu sobrevivi aquilo, não apenas eu, mas Lídia também. Tive que aprender a me dar bem com ela, tanto porque nem todos ficam feliz de saber que a pessoa que você amou nos últimos meses não passa de sua própria imaginação e subconsciente. Eu não fiquei feliz mesmo, mas não havia outro jeito, ela não ia embora, e insistia em ficar grudada comigo sempre que possível, me dando beijinhos e abraços. Isso tudo deixou de ser prazeroso quando eu descobri que ela não existia, fico imaginando a cena vista por qualquer um... Alguém abraçando e beijando o ar, deve ser ridículo. Mas a verdade é que em certos momentos era bom, tanto porque Lídia sabia do que eu gostava e eu não conseguia recusar a atenção que ela dava pra mim.

Enfim, eu estava no Facebook, apenas fuçando sem ter o que fazer. Até hoje me pergunto o porque, mas resolvi puxar papo com a Irmã de um amigo, o nome dela é Julia... Tinha mais ou menos 1,75 de altura, devia pesar em torno de 50 Kg, cabelos morenos e curtos, ela é realmente muito bonita, mas não era como Lídia. Lídia é o que é, e vocês sabem o quão encantadora ela é. Mas Lídia é uma ilusão, não existe. Já Julia, pode não ser tudo isso, mas é real. Eu e Julia começamos a conversar, não era nada demais, só uma conversa comum, bem comum por sinal. Eu não sabia muito de Julia, antes disso, havíamos conversado somente uma vez, e nem foi uma conversa direito. Aquilo não ia levar a nada, não devia ter levado a nada, seria melhor se não tivesse levado a nada...
Não sei como chegamos no assunto, mas ela começou a me contar sobre um relacionamento que não tinha dado certo. Eu conseguia sentir as lagrimas delas pelas palavras que apareciam na minha tela. Cada pausa que ela fazia, eu sabia que ela estava segurando o choro, criando coragem e tentando me contar o que aconteceu. Lídia só nos observava, sentada na minha cama, praticamente na diagonal esquerda atras de mim.

Comecei a me distrair facilmente com tudo a meu redor, lembrar daqueles tempos fáceis era bom, tão bom quanto um abraço apertado de Lídia, e, por coincidência, toda vez que me lembro desses momentos, Lídia me da um abraço bem forte.

Papo vai, papo vem, consegui me aproximar de Julia. Rimos bastante, brincamos um com o outro, até irritei ela um pouco... Mas nada que um "*abraça Julia*" não resolvesse. Então ela me disse que nunca havia contado aquilo sobre o ex-namorado para ninguém, nem para amigos. Então perguntei quanto tempo fazia que eles haviam terminado. Pensava que devia ser algo entre algumas semanas ou uns 2 meses, no máximo. Ela me disse 6 meses. Fiquei surpreso, era um tempo considerável, e nunca ter comentando com ninguém, muito menos amigos. Então algo me atingiu como uma pedra, e das bem grandes. Por que confiar então em um estranho que, se for pensar um pouco, é a primeira vez com quem ela conversa direito? Não há logica nenhuma em desabafar com alguém e nunca ter nem comentado com os amigos... Quando fiz a pergunta, ela simplesmente respondeu que eu passava essa confiança. Tenho que admitir, corei muito na hora e fiquei feliz por ouvir aquilo.

Me lembro disso tudo como se tivesse acontecido a cinco minutos atras. Podíamos dizer que já eramos amigos, pena que tudo aquilo iria durar pouco...