Era apenas outro dia no grandioso reino de Kernath, nada de especial. Levantei-me e segui em direção ao banheiro para jogar água em meu rosto, e me aprontar para ir ao campo de treinamento. Mal esperava para o dia acabar, pois hoje iria conversariamos com a Velha Comandante. Ela é uma das mais habilidosas espadachins do reino. Não se sabe ao certo o por que de chamarem-na assim, uns dizem que ela nunca revelou seu verdadeiro nome, e o mais estranho: ela não era realmente uma comandante. Muitos do reino a tem como louca, pois ela vive a contar histórias sobre guerreiros de uma antiga organização chamada "Grande Caçada", comandada pela por ela dita grandiosa "Comandante Lothos". Eu particularmente não acredito muito, mas a forma como ela conta as história faz tudo parecer real. As minhas favoritas são sobre um tal de Dio, um garoto asmodiano com poderes sombrios.

Nosso reino é conhecido pelos guerreiros que nele habitam. Ao completar 15 anos, todo homem deve se alistar para a guarda real do reino, e as mulheres alistam-se se quiser. Após serem aceitos, era nescessário escolher uma especialização: Espadachim, arqueiro ou mago. Os homens em sua maioria se tornam espadachim, enquanto o arco-e-flecha e a magia ficam a cargo das mulheres, por ser uma classe que exige menos porte físico.

Perdoem-me por não me apresentar. Me chamo Hanato Rumphyzer e tenho 17 anos. Aos 15, decidi trilhar o caminho do espadachim, por ser um amante da arte da lâmina desde pequeno, quando ajudava meu pai a colher o trigo no campo. Uso uma espada de duas mãos, pois apesar de não ter muita agilidade, seu poder de destruição é bem maior que uma espada e um escudo. O treino do dia havia sido intenso, meus braços queimavam como rios de lava. Só queria ir para casa, tomar um banho e conversar com a Velha Comandante. A chegada da noite pusera fim ao treino do dia.

Moro há 5km de distância dos campos de treinamento. Acho o caminho de volta para casa uma das melhores (se não a melhor) coisas do dia. A brisa do campo batendo em meu rosto, o suave som do chacoalhar dos ramos de trigo e... BUM! Meu discursinho de pequeno garoto apaixonado foi imrrompido por uma estrondosa explosão. Acho que apaguei por 2 à 3 minutos, e quando acordei, havia uma cratera enorme a alguns passos de distância de mim. De começo, tive receio de correr até lá, mas a curiosidade falou mais alto. Quanto mais me aproximava da cratera, mais intenso ficava um som distorcido de tilintar de espadas e explosões. Parei à beira da cratera e me deparei com uma cena que, por um momento, achei que ainda estava apagado, mas após alguns tapas e beliscões, percebi que tudo era real.

Deitado no centro da cratera havia um garoto com pele parda, de cabelos roxos e um par de chifres, em uma posição fetal. Atrás dele, um grande elipse cor púrpura emitia os sons anteriormente ouvido. Larguei minhas coisas no chão e corri para ajudar o garoto caído, imóvel no chão. Quando sentei-me e segurei-o em meus braços, pensei estar louco. Pontas de cristais negros saltavam de seu antebraço esquerdo, assim como no do braço do garoto Dio das histórias da Velha. Apoiado em seu braço direito e pressionado contra o seu peito estava a espada mais estranha que eu já havia visto. Seis dentes saltavam de cada lado de sua lâmina, e o mais estranho: Um olho que piscava de verdade, com uma escrita rúnica ao redor acoplado acima do cabo. O garoto machucado em meus braços começou a tossir e, lentamente, começou a abrir os olhos. Ao me ver, agarrou-me pela gola e disse:

- Olhe aqui seu humano insolente, não sei seu nome, nem quem você é, mais um de vocês (humanos) está predestinado à salvar Ernas novamente. Apenas este escolhido pode empunhar Grandark e lutar contra o mal mais uma vez. Siga as instruções que lhe darei, SEM HESITAR! Primeiro, peque esta espada em meus braços.

Ele abriu o braços e a espada em seu braços caiu ao meus pés.

- Segundo, corra pela sua vida, e leve está espada para a tal "Velha Comandante", e avise-a que os portais dimensionais foram reabertos por Duel. *Cof cof!* Mas que droga Sebastian! Venha até aqui e me faça uns curativos!

Um pequeno garotinho vestido de pijama materializou-se em minha frente. Após aquilo, soube que nada era impossível.

- Sim, meu amo. - Disse o pequeno garoto.

Sem conseguir mexer a boca para disser qualquer coisa, agarrei a espada e tentei sair correndo. Apenas tentei, pois a espada parecia pesar mais de uma tonelada. Impaciente o garoto demônio gritou:

- Corra! Use suas pernas, seu inútil!

Com as duas mãos, esforcei-me ao meu limite e consegui erguer a espada, mas antes de correr em direção a casa da Velha, perguntei um coisa ao garoto:

- Diga-me, qual seu nome?

- Dio! *Cof cof* Meu nome é Dio, agora CORRA!

Dio? Não podia ser, já era conhecidência demais os cristais em seu antebraço e os chifres, agora o nome era o mesmo? Mas isto era impossível, o Dio da Grande Caçada viveu há 1500 anos atrás, ela já devia estar morto. Não sei ao certo o que estava acontecendo, nem por que eu estava seguindo as ordens daquele garoto, mas tinha algo de muito errado acontecendo.

Corri para a casa da Velha em passos de formiga, uma vez que o peso da espada me retardava drasticamente. Depois de ter tropeçado umas 5 vezes enquanto observara a espada piscar, cheguei na porta da casa da Velha. Bati à porta.

- Comandante? Abra depressa! É o Hanato! Preciso falar com a senhora, é urgente!

Passos rápidos ecoaram pelo assoalho de madeira e a porta abriu em um rápido solavanco:

- Diga meu jovem, que queres?

- Um garoto chamado Dio mem mandou aqui. Ele pediu que lhe entregasse esta espada, e avisasse que os portais dimensionais foram reabertos por um tal de "Duel". Não sei bem o que tudo isso significa, mais coisa boa é que não é.

Levantei os olhos, e por um momento nunca vi uma cara tão assustada como a da Velha. Seus olhos estavam arregalados, suor escorria pelo seu rosto e ela estava completamente pálida e trêmula.

- Entre, rápido! - Disse a Velha - Tome um banho e se troque. Tem algumas poucas roupas no armário do quarto de visitas. Precisamos partir o mais rápido possível.

- Como assim? E como ficam todos? Meus pais, meus amigos, nunca mais verei eles?

- Ok Hanato, acho que você não tem noção do que está acontecendo aqui. Irei lhe contar sobre tudo o que está acontecendo. Sabe as "lendas" que eu adoro contar? É, essas dos guerreiros da Grande Caçada. Então, ocorre que elas não são lendas, são fatos ocorridos de verdade, o mal de Ernas realmente foi banido por eles há 1500 anos atrás, os guerreiros da Grande Caçada e a comandante Lothos realmente existiram, e pelo que você me falou, este mal retornou, e a única coisa que impede eles de dominar o mundo humano é não ter esta espada em suas mãos. Mas é só uma questão de tempo até eles descobrirem que ela está com você, por isso, precisamos esconde-la.

Meu cérebro pifou. Todas aquelas lendas sobre guerreiros e monstros eram reais? Aquel tal "Dio" que eu salvara a pouco tempo atrás era realmente Dio, o asmodiano das tribos demoníacas das lendas da Velha Comandante? Nada mais era impossível para mim. A ideia de ter que abandonar tudo que eu conheço e tomar um rumo sem direção era horrível.

- Velha, se seremos uma equipe daqui para frente, poderia pelo menos me falar qual seu nome?

Sempre achei que chama-la de Velha era falta de respeito.

- Meu nome? Haha! - retrucou ela em um tom irônico - Me chamo Lothos.

- Lothos? Seu nome verdadeiro é Lothos? Não me diga quê...

- Sim, Lothos. Eu sou a comandante Lothos, líder da Grande Caçada. Explicarei tudo para você no caminho. Pegue esta bola, ponha alguma roupas que estão no armário do quarto de visitas e me encontre lá fora.

Ainda em choque, dicidi não desobedece-la, e fiz o que ela me pediu, corri até o quarto das visitas, peguei as roupas menos femininas e corri lá para fora. Lá, Lothos me esperava ao lado de 2 cavalos. Em suas mão, estava Grandark, dentro de uma bainha para costas. Antes de partimos, ela falou:

- Hanato, acho que algumas coisas precisam ser explicadas.

- Algumas não, muitas. Por que eu Lothos? Por que sou eu quem tenho que partir com você? E o principal, após 1500 anos, COMO VOCÊ ESTÁ VIVA!?

- Ok, você tem razão, começarei explicando à você como ainda estou viva. Você encontrou-se com o Dio agora pouco certo? Pois bem, Dio possui uma habilidade chamada "Existência Dimensional". O corpo físico do alvo desta habilidade continua nesta dimensão, mas a sua alma, sua essência, é transferida para outra dimensão. O corpo físico, se continuar em Ernas, para de envelhecer, e a alma/essência do mesmo só retorna quando seu dono tem o corpo danificado. Em outras palavras, se você não danificar seu corpor, você é imortal.

Minha cabeça havia entrado em pane. "Existência Dimensional"? Alma? Tudo isso era demais para mim. E o pior de tudo, era que tudo aquilo era verdade.

- Agora, explicarei por que é você que tem que vir comigo. A Grandark é uma espada de personalidade forte, e de dono único. Apenas O escolhido pode utiliza-la.

- E por que você precisa de mim? Procure o taldo escolhido, eu não quero deixar meus pais para arriscar minha vida!

- Hanato, abra os olhos. VOCÊ é o escolhido.

- Ok, agora eu realmente não estou entendendo mais nada. Qual o critério que usaram para decidir o escolhido!? EU NÃO QUERO IR!

- Seu destino está traçado desde o dia em que você nasceu. Apenas os portadores do sangue da linhagem Zephyrum podem empunhar a Grandark.

- Ótimo! Isto só prova que não sou o escolhido!

- Preste atenção Hanato. Rumphyze é Zephyrum, apenas com as sílabas trocadas. Se ficasse Explícito que você era um Zephyrum, O Mal teria mandado alguém para lhe matar no dia do seu nascimento.

- Mas isto pode ser apenas uma conhecidência...

- É conhecidência também seu nome ter a palavra "Hana" no meio, que significa "Um"?

- E o que isto tem a ver?

- Significa que você é o sucessor do primeiro homem a empunhar Grandark, Zero Zephyrum.

- E aonde está este tal de Zero?

- Morto. Duel o matou para conquistar a Grandark.

- Como ele conseguiu controlar a Grandark, se ele nem ao menos era o escolhido?

- Duel possui a Eclipse, que é outra espada muito poderosa. Eclipse e Grandark são inimigas mortais, mas com seu grande poder e sua grande capacidade de persuassão, Duel conseguiu fazer com que as duas espada trabalhassem juntas, e com isso, tentou dominar a outra dimensão. Se não precisas de mais explicações, precisamos partir imediatamente.

- Uma última coisa. Se eu realmente sou o escolhido, quero testar o poder de destruição de Grandark.

- Vá em frente...

Tirei a Grandark da bainha e a empunhei. Nunca tivera visto uma espada tão bela e tão pesada. Por um minuto, pensei ter ouvido ela (a espada) sussurar "Finalmente...", mas deveria ser apenas outro delírio da minha cabeça. Posicionei-me à frente de uma árvore e respirei fundo. Não sei por que, mais me senti mais confiante, mais forte e em um poderoso golpe transversal, cortei a árvore ao meio. Aquilo não era possível, nem a espada mais afiada de todos os reinos seria capaz de fazer aquilo.

- Uau, - disse Lothos - você é realmente fortinho para um garotinho de 17 anos. Agora que já fez o que queria, bote a espada dentro da bainha e vamos.

Eu não tinha palavras para responder, estava impressionado demais com o poder da espada. Botei-a de volta em sua bainha e subi em meu cavalo. Com um estalo nas rédeas, eu e Lothos começamos a trotar...

- Lothos, para onde estamos indo?

- Vamos em direção à Canaban, Hanato. - A comandante deu um leve suspiro, e continuou a falar - Acho que um velho amigo ainda habita aquela região....